Longe de casa, mais perto do sucesso

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Treinar ao lado de ídolos, conhecer vários países e tornar-se profissional. Para muitos, um grande sonho. No caso de Filipe Brandão, de apenas 19 anos, experiências recentes

Aos 19 anos, Filipe Brandão já faz parte do ranking mundial, liderado por Rafael Nadal

Logo aos 14 anos, Filipe Brandão precisou decidir: seguir em Pelotas ou ir para Santa Catarina. No estado vizinho não encontraria praias. Aliás, vida fácil por lá era uma certeza: de que não acharia. Teria, longe de casa, uma rotina de trabalhos intensos, além da distância de amigos e sua família. Mesmo assim, a opção por deixar a cidade natal foi a escolhida. Arrependimento? Nenhum.

– Melhor decisão que tomei na minha vida até hoje – diz.

A satisfação tem explicação. Hoje, o tenista pelotense faz parte de um seleto grupo de atletas treinados por, nada menos, que Larri Passos, ex-técnico de Guga. Assim, Brandão integra uma equipe composta por grandes nomes do tênis brasileiro na atualidade. Entre eles, Thomaz Bellucci, número 36 do ranking mundial.

Rotina

Quando está em Pelotas, não deixa de treinar. Assim, aproveita para retornar ao clube que o revelou: o Parque Tênis Clube

Estar ao lado de grandes figuras do tênis brasileiro, para o pelotense, é normal. Diariamente está em contato com Larri Passos, técnico de Gustavo Kuerten nas maiores conquistas do ídolo nacional. Esta rotina começou cedo, em 2006. Fruto do bom relacionamento do pai, Mauro Brandão, com o atual treinador, Filipe ganhou a oportunidade de realizar uma semana de treinamentos em Camboriú. Foi e, no último dia de atividades no local, em sua despedida, foi convidado a retornar: para ficar. Topou na hora.

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Larri Passos é técnico de Brandão

Dessa forma, o jovem passa por uma rotina de trabalho forte. Intensa. Sem moleza. Primeiro treino: às 8h30. Isso, claro, após passar, meia hora antes, por um trabalho de aquecimento. A atividade só termina por volta das 11h30. Depois do alongamento e uma breve “corridinha”, aí sim, é hora do descanso… até às 14h.

As atividades da tarde duram aproximadamente quatro horas, entre trabalhos físicos e voltados diretamente ao tênis. Há um revezamento, todos os dias. Dessa forma, existe uma variação diária entre os atletas para o bate bola. Rogerinho, Marcos Daniel e Tiago Fernandes são alguns dos jogadores que constantemente trabalham ao lado de Brandão. Nada mal.

Entre tantas viagens, uma especial

É duro, como dizem os tenistas. Trabalhos desgastantes e longas viagens fazem parte do calendário de qualquer profissional do esporte. A recompensa está, às vezes, nas experiências fora do país. Na América do Sul, Brandão já disputou vários torneios. Mas é fora do continente que o jovem guarda as melhores lembranças.

Graças ao tênis, o pelotense conheceu também Turquia, Croácia, Espanha e França. E foi justamente no solo francês, país que consagrou Guga, que o tenista viveu um dos momentos mais especiais da sua vida – e de seu ídolo.

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Guga em Monte Carlo: Brandão estava lá

Abril de 2008. Último ano da carreira do maior tenista brasileiro de todos os tempos. Um dos maiores tenistas da história. Em Monte Carlo, bairro de Mônaco, Gustavo Kuerten faz um de seus últimos torneios da carreira. Torneio, aliás, conquistado pelo brasileiro em 1999 e 2001. Lá estão Guga, seu fiel escudeiro Larri Passos e um garoto: Filipe Brandão. Apenas os três.

Enquanto Guga ainda dormia, o jovem entrava em quadra. Nada valendo. Apenas treinos com Larri Passos, mas, logicamente, puxados. Pela manhã, das 8h até o meio dia. À tarde, atividade entre às 13h e 14h. Se algum profissional precisasse alguém para bater bola, lá estava Brandão. Se o ídolo precisasse, ele seguia por ali.

Não foi a única oportunidade para o pelotense treinar com Gustavo Kuerten. Mas foi, sim, uma oportunidade única: estar ao lado de alguém tão importante, em um momento de tanta importância. Afinal, era o último ano de Kuerten como profissional. Em quadra, Guga, refém do próprio quadril, maior adversário de sua vitoriosa carreira, acabou derrotado com facilidade pelo croata Ivan Ljubicic. Nada capaz de apagar seus títulos, sua importância e, claro, apagar da cabeça de um jovem, momentos tão preciosos ao lado de seu ídolo.

Três anos depois

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Golpes potentes fazem parte do jogo de Brandão

Passados três anos da inesquecível experiência, Brandão quer agora ser protagonista e autor da própria história. Maduro, mais calejado e melhor preparado, agora sente-se capaz de traçar metas.

Tudo começará, este ano, em Santa Maria. Dia 11 de abril. Na cidade universitária, disputará um Future, torneio profissional que conta pontos no ranking da ATP (Associação dos Tenistas Profissionais). Na sequência, Filipe estará representando Pelotas em Brasília, dia 18 de abril, e em Aracajú, uma semana depois.

Através desses torneios, além de muitos outros este ano, Brandão tentará dar um salto no ranking. Atualmente, é o número 1093, do mesmo ranking liderado por Rafael Nadal. O objetivo é terminar o ano entre os 500 primeiros.

Apoio indispensável

Mesmo longe da família, Filipe Brandão reconhece o apoio dos amigos e dos pais. Foi o pai, Mauro, inclusive, o responsável pelo começo do garoto no tênis, aos 8 anos. Professor de tênis e ex-tenista, o pai coruja levava o filho para o Parque Tênis Clube, local onde nasceu o amor do filho pelo esporte.

– Meu pai me levava para o Parque Tênis e, então, eu comecei a gostar do esporte. Aí comecei a levar a sério para tentar me tornar profissional – conta Filipe, agora como profissional.

Além dos amigos, o garoto ressalta o apoio dos patrocinadores: Head, Pacific, Olympikus, além de um apoio oriundo da cidade natal, a Universidade Católica de Pelotas.

Um comentário em “Longe de casa, mais perto do sucesso”

  1. Valeu, Renan.Parabéns pela excelente matéria, segue assim que vais muito longe na profissao escolhida. Tu sabes bem o esforço que o Filipe fez e faz pra poder atingir o objetivo traçado.Esperamos que mais empresas pelotenses possam ajudá-lo a alcançar o objetivo maior que é jogar as olímpiadas no Brasil.A UCPEL patrocina ele desde 2009 e esperamos que outra empresas possam entrar nesse esquema e ajudá-lo.Grande abraço.

    Mauro Brandao

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