De “homem da casa” a jogador de futebol, conheça a história de Zezinho

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Garoto Zezinho, no Bento Freitas, sua atual casa

por Guilherme Pontes

Carregar nas costas aos 19 anos de idade, a experiência e responsabilidade que muitos demoram uma vida para saber o que significa, não é para qualquer um. O meia atacante José João Trevisan Flores Neto, mais conhecido como Zezinho, demonstra muita tranquilidade e seriedade ao falar de uma longa carreira apesar dos poucos anos de idade.

Nascido na cidade de Santa Maria, em 16 de janeiro de 1993, Zezinho não demorou a mostrar vontade de jogar bola. O jogador conta que aos seis anos de idade pediu aos pais para entrar em uma escolinha de futebol, dando seus primeiros chutes. Já nessa época demonstrava que o futuro poderia lhe sorrir no mundo da bola.

 

Do seu primeiro clube, o Nova Horizonte, até este ano, o jovem meia tem um currículo de dar inveja a jogadores com mais idade. Entre os dez clubes que acumula desde seu início no futebol, Zezinho destaca as passagens por Cruzeiro, de Minas Gerais, Novo Hamburgo, Riograndense, Sporting Lisboa, de Portugal, e Antalyaspor, da Turquia.

Em sua passagem pelo Cruzeiro, quando começava a ganhar destaque nas categorias de base do clube, um baque na vida pessoal acabou afastando Zezinho da equipe mineira. No final do ano de 2009, seu pai e grande incentivador, seu José, faleceu, deixando o jogador como o “homem da casa”. Por querer e precisar cuidar da mãe e da irmã mais nova, o atleta acabou decidindo não voltar ao clube mineiro após passar férias em casa. Os sonhos de virar profissional e ganhar destaque pareciam estar se distanciando.

Em casa Zezinho procurava uma oportunidade de jogar perto da família, e assim acertou sua ida para o Riograndense, time local de Santa Maria. Após ter alguns problemas no seu início dentro do clube, o jogador acabou assinando seu primeiro contrato e se destacando pelo time, no Campeonato Gaúcho de 2010. A vitrine do campeonato levou Zezinho para o Novo Hamburgo, de onde surgiu uma proposta de Portugal para jogar pelo Sporting Lisboa. Sem pensar duas vezes e vendo sua grande chance na carreira surgindo, o jogador topou e partiu rumo à Europa em busca do crescimento profissional.

Tatuagem no antebraço homenageia o pai, seu José

Após um mês e meio no clube português, o destino parecia sorrir novamente para o jogador e uma proposta financeiramente irrecusável surgia para uma ida para a Turquia, na equipe do Antalyaspor. Porém, nem tudo foram flores no caminho do jovem atleta. Ao chegar no país, sozinho, Zezinho descobriu que a proposta oferecida para seu empresário não era verdadeira e os valores envolvidos eram muito menores. Os problemas no acerto do contrato deixaram o jovem treinando durante dois meses, sem um futuro definido e em um país distante de sua família.

Após muitos impasses, o atleta optou por voltar para o Brasil, quando surgiu uma oportunidade no Grêmio. Novamente o destino resolveu dar dificultar a vida do meia e após atrasos nos voos de volta ao Brasil, o jogador acabou não sendo inscrito na Copa São Paulo pelo clube da capital e acabou dispensado, voltando para casa no final de 2011.

No início do ano de 2012, quando estava em casa com a família, surgiu para Zezinho a oportunidade de ir jogar em São Paulo ou nas categorias de base do Brasil, pelo time sub-20. Em função da proximidade da família, preferiu rumar para o sul do estado e defender a equipe Xavante. Ainda em busca da afirmação dentro do clube, Zezinho mora dentro do clube com mais 18 atletas e busca alcançar seu sonho que ainda está de pé.

Em um pequeno bate-papo, o jogador falou como foi e está sendo a carreira até agora.

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Jogador mora no Bento Freitas

Rede Esportiva: Como foi a chegada ao Brasil de Pelotas?
Zezinho: Depois que eu passei o natal e o final de ano com a família, apareceu proposta pra ir jogar em São Paulo ou aqui no Brasil de Pelotas. Esse ano tem o aniversário da minha irmã, 15 anos, sabe como é, eu não podia deixar de ta perto dela e da minha mãe nesse momento, decidi vir pra cá.

O que você já conhecia sobre o clube?
Cara, eu conhecia pouco. Eu sabia bastante da torcida fanática, que isso todo mundo que conhece o Brasil sabe. Conhecia também a história do acidente, que foi algo que todo mundo viu e ficou sabendo.

Como está sendo a adaptação na cidade e no clube?
Olha, tá sendo bem tranquila. Tá boa, gostei da cidade e o ambiente aqui com os meninos que moram no clube é tranquilo.

A distância da família, como fica?
Internet, telefone… tem que tá sempre mantendo contato. Agora é mais tranquilo, na Europa era só pela internet.

Uma situação engraçada vivida no futebol…
Olha, eu não vou citar o nome do clube para não ficar chato e tal, caso os caras acabem lendo. Uma vez em um clube, estragou o chuveiro da concentração e nós tínhamos que tomar banho no vestiário. O nosso roupeiro deixou a chave do vestiário com a gente e tinha uma bola que tinha ficado fora da rouparia. O lugar tinha acesso direto pro campo e à noite, antes do banho, eu e mais alguns saímos correndo e jogando bola pelo campo de futebol no escuro (o sorriso apareceu forte pela primeira vez durante a entrevista).

Bate-bola rápido

Sonho: “Ajudar minha família, dar uma vida melhor pra eles”.
Desejo para 2012: “Um clube maior ou a equipe profissional”.
Inspiração: “Meu pai”.
Time: “Barcelona”
Família: “Tudo”.
Futebol: “Minha vida”.
Amigos: “Os de verdade permanecem”.
Futuro: “Só a Deus pertence”.
Mãe: “Quem me dá mais força em tudo”.
Pai: “Se ele queria que eu jogasse futebol, agora mesmo que eu não vou desistir”.

Um comentário em “De “homem da casa” a jogador de futebol, conheça a história de Zezinho”

  1. O zezinho, tu joga muito, parabéns bruxo segue a luta que teu futuro é promissor, só tu sabe tudo o que já passou, dificuldades sempre aparecem, mas tem que dribla elas. Sucesso meu guri !

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