Sonhos, objetivos, dificuldades, alegrias e tristezas. Todas as pessoas passam por essas situações em suas vidas e o jogador de futebol não é diferente. O atacante do Brasil, Márcio Jonatan, viveu algumas situações e continua superando outras para trilhar o caminho sonhado.
O jogador, hoje com 22 anos, alcançou o sonho de ser jogador. Superou obstáculos e contou com a ajuda de muitas pessoas para chegar ao objetivo de ser jogador de futebol. Atualmente, o rápido atacante passou por uma grave lesão no joelho.
Após cerca de um ano de tratamento, Márcio está recuperado e resta aprimorar a parte física para voltar a brilhar com a camisa Xavante, em agradecimento a todos que o ajudaram durante o longo tratamento. “Minha volta é por eles, que me apoiaram no momento mais complicado da minha carreira”, contou o jogador.
O atacante conversou com os repórteres do Rede Esportiva, Thaigor Janke e Eduardo Costa sobre sua carreira. Falou sobre seu início de carreira, sua chegada ao Brasil e sobre seu futuro, que pareceu estar mais que definido para o atleta. “Vou encerrar a carreira aqui, está decidido”, afirmou.
Márcio falou sobre seu passado, presente e futuro (Foto: Elison Bitencourt)
COMEÇO NA CARREIRA
Márcio Jonatan deu seus primeiros passes em sua cidade natal. Nascido e criado em Não-me-Toque, no interior do estado, o pequeno garoto já tinha seu futuro planejado desde a infância.
“Desde pequeno sempre quis ser jogador. Jogava pelas equipes da escola lá na minha cidade e já me destacava. Foi aí que comecei minha carreira”, revelou o atacante.
No futebol de campo, Márcio Jonatan teve sua primeira oportunidade em uma escolinha do Inter. Chance que não foi das melhores, pois recebeu o seu “primeiro não” da carreira.
“Entrei na escolinha do Genoma Colorado, que tinha parceria com o Inter. Me destacava por ser veloz e acabei sendo selecionado para fazer um teste lá, mas fui reprovado”, contou o jogador.
Mas isto não abalou o garoto, que seguiu em busca do objetivo. Aos 16 anos surge outra escolinha na cidade. Esta preparava jogadores para atuarem em equipes grandes do país e até mesmo do exterior.
E foi no exterior que Márcio Jonatan viveu sua primeira experiência como atleta profissional. Contratado pelo Borússia Fulda 04, da Alemanha, o jogador contou alguns momentos complicados que passou na Europa.
“Fui para o Borussia Fulda, assim que completei 18 anos, por uma temporada, como um período de testes. E fui muito bem, fiz 19 gols. A experiência lá foi dura, eu morava sozinho e fui abandonado pelos empresários. Tinha que sair arranhando um pouco da língua alemã para poder comprar algo no mercado.”
VOLTA PARA O ESTADO
No Canoas, Márcio conheceu Rogério Zimmermann (Foto: Divulgação)
Após o período de testes na Alemanha, Márcio Jonatan recusou propostas para ficar e preferiu voltar para o Rio Grande do Sul.
“Surgiu a proposta de jogar a Copa FGF pelo Nova Prata de Alvorada e aceitei. Fiz um bom campeonato lá e isso abriu as portas para mim aqui no estado”
Após o término de seu contrato com o Nova Prata surgiu, através de seu procurador, uma oportunidade grande para o atacante. O Gauchão na Série A, pelo Canoas.
“O procurador que me levou para o Nova Prata assumiu como diretor do Canoas e acabou me levando para lá. Aceitei na hora, jogar uma Série A de Gauchão era muito grande para mim”, contou o atacante, que na época tinha apenas 20 anos.
O PAI, ROGÉRIO ZIMMERMANN
No Canoas, Márcio conheceu um dos principais responsáveis pelo seu sucesso. O técnico Rogério Zimmermann assumiu a equipe na lanterna do Gauchão, muito próximo ao rebaixamento.
Rogério é “um pai” para Márcio Jonatan (Foto:Divulgação GEB)
“Quando o Rogério chegou, ele mudou tudo. Mandou embora quem não estava comprometido, só deixou no grupo aqueles que queriam trabalhar e tirar o Canoas daquela situação”, revelou Márcio.
E deu certo. Com uma das melhores campanhas do segundo turno, Rogério Zimmermann livrou o Canoas do rebaixamento utilizando Márcio Jonatan como armador.
“Eu não tinha muito espaço na equipe. Assim que o Rogério chegou, ele começou a me utilizar e eu dei a resposta dentro de campo. Juntos tiramos o Canoas da zona de rebaixamento”, contou o atacante.
A admiração do atacante pelo treinador não se restringe apenas ao campo. Márcio Jonatan considera Zimmermann como um verdadeiro “pai” para ele.
“O Rogério é importante não só pelo que ele faz dentro de campo. Ele é uma pessoa excepcional. Dentro do vestiário ele é muito brincalhão, de bem com a vida e também nos dá conselhos importantíssimos. Ele fala para a gente cuidar do dinheiro, que vida de jogador é curta, que temos que fazer o investimento certo. O Rogério se preocupa não só com o jogador, mas também com a pessoa”, contou o atacante.
E foi dele que surgiu o convite para Márcio Jonatan jogar no Brasil. Após encerrar seu contrato com o Canoas, o atacante recebeu um telefonema do técnico avisando que o indicaria para jogar no Bento Freitas.
– Logo depois, o Ricardinho (Ricardo Fonseca, presidente do Brasil) me ligou para me contratar. Ouvi a situação do clube e aceitei na hora.
A CASA RUBRO-NEGRA DE MÁRCIO JONATAN
No Brasil, Márcio Jonatan achou sua casa. A identificação do jogador com a torcida e com o clube foi praticamente imediata. Conforme conta o próprio atleta.
Márcio Jonatan se identificou com o Xavante logo de cara (Foto: Be Caviquiolli)
“Cheguei e fui vice-artilheiro da Copinha, já em 2012. A torcida aqui é demais, não tem como a gente não se identificar.”
Após a Copinha, o atacante recebeu propostas de alguns clubes da Série A do Campeonato Brasil, mas preferiu permanecer no Xavante para lutar pelo sonhado acesso à primeira divisão.
Acesso que veio e é considerado pelo atacante como o seu momento mais feliz no clube. Mesmo com ele de fora.
“O acesso foi meu momento mais feliz aqui. Eu já estava lesionado, de fora dos gramados, mas mesmo assim, aquela conquista foi indescritível”, revela o jogador que não atuou por mais da metade da competição.
DRAMA, LESÃO E RECUPERAÇÃO
O momento mais triste da carreira de Márcio Jonatan aconteceu na primeira partida da final do primeiro turno da Divisão de Acesso do ano passado. O Brasil jogava com o São Paulo quando Márcio rompeu os ligamentos do joelho esquerdo.
“Eu até hoje não sei e procuro nem pensar na gravidade da minha lesão. Foi muito difícil, por muito tempo sequer pude colocar o pé no chão, minha recuperação foi lenta, mas graças aos médicos do Brasil, foi eficiente”, contou.
Para Márcio, foi uma “sorte” o fato de ter se machucado atuando pelo Brasil. Segundo o atacante, a estrutura médica do clube rubro-negro foi fundamental para que ele não abandonasse o futebol.
“Eu nunca pensei em parar de jogar. Mas acho que se me machucasse em outra equipe, eu teria parado. Porque são poucos os clubes do interior que oferecem o tratamento médico que o Brasil oferece”.
Recuperado do joelho, Márcio foca agora em sua recuperação física, para estar à disposição na reapresentação do elenco para o Campeonato Brasileiro da Série D de 2014. “A lesão está curada. Tenho que retomar o ritmo de jogo e aprimorar a parte física para chegar no mesmo nível de meus companheiros”, contou.
“Minha volta será uma forma de me agradecer a todos que me ajudaram”, disse o atacante (Foto: Elison Bitencourt – Rede Esportiva)
FUTURO TRAÇADO
O atacante foi objetivo ao traçar metas para o futuro. “Quero o acesso para a Série C”, cravou.
Outra questão bem definida pelo atacante são as cores do seu último clube na carreira. Conforme contou:
– Vou encerrar minha carreira no Brasil, está decidido. Converso bastante com minha namorada sobre isto. Nenhum clube irá me marcar tanto como este. Aqui eu conquistei meu primeiro título, sofri minha primeira lesão séria. O Brasil está marcado na minha vida.
Sobre sua volta, Márcio Jonatan conta que chega a sonhar com o momento. “Imagino eu entrando no segundo tempo, a torcida gritando meu nome, vai ser muito especial. Por tudo que eu passei na minha recuperação, todo o sofrimento meu e das pessoas que me ajudaram”, revelou.
Este regresso aos gramados tem um objetivo, segundo o atleta:
– Vou voltar! Vou voltar por todos aqueles que me ajudaram neste período difícil. Minha namorada, minha sogra, os médicos do Brasil, torcedores, companheiros, comissão técnica, todos que me ajudaram e me deram forças. Eu vou voltar por eles. É uma forma de dizer obrigado a todos, jogando bem e ajudando o Brasil a conquistar o acesso.