Que a Série D é o principal objetivo do Brasil no segundo semestre, todo mundo sabe. Mesmo assim, a pauta da semana no Bento Freitas, como não podia deixar de ser, é nos clássicos Bra-Pel válidos pela Copa Fernandão.
No jogo de ida, Rogério Zimmermann optou por escalar um time inteiramente reserva. E o técnico já anunciou que vai manter os mesmos jogadores para a partida de volta, que acontece no domingo na Boca do Lobo. Em tom de desabafo, Zimmermann explicou a situação para o torcedor na coletiva desta sexta-feira. Confira os principais tópicos da fala do treinador.
BRA-PEL COM RESERVAS
Para explicar a utilização do time reserva na Copa Fernandão, Zimmermann relembrou a trajetória dele nesta última passagem pelo clube, quando tirou o Xavante da segunda divisão estadual e levou à quarta divisão nacional.
“Estávamos na segunda divisão do estadual. Era um inferno, terrível. O torcedor não aguentava. Conseguimos subir de divisão. Depois fomos jogar o Campeonato Gaúcho, permanecemos nele, conseguimos o título de Campeão do Interior e fomos para a Série D”, lembrou. “Estamos desde maio pensando na Série D. Começou a Série D e ganhamos três de quatro jogos. É de enorme importância a competição”, concluiu o treinador.
A escalação dos reservas, segundo o treinador, é uma forma de preservar os jogadores titulares e dar ritmo aos jogadores reservas. “Se eu jogo com o Felipe e com o Amado domingo e perco eles por lesão, o que o torcedor vai dizer para mim?”, disparou. Felipe Garcia, aliás, sentiu dores musculares após o Bra-Pel de quarta-feira e deve desfalcar o Xavante na Série D.
“Nós jogamos quatro partidas pela Série D e duas contra o São Paulo. Destas seis partidas, utilizei um grupo cinco vezes, enquanto o outro jogou apenas uma. Nesse momento, tenho que dar para os que jogaram menos uma oportunidade. Os que jogaram cinco vezes tem mais chances de lesão”, frisou.
FOCO NO ACESSO
Toda essa importância que o clube dá para a Série D não é de graça. Zimmermann vê como fundamental o acesso para a Série C para o clube continuar este crescimento que vem tendo e também na manutenção da comissão técnica e dos jogadores. O treinador inclusive revelou que recebeu uma proposta para sair do Brasil, mas optou por continuar no clube.
“Vou falar para o torcedor do Brasil. Se o Brasil não conseguir subir na Série D, perde dinheiro e calendário. E muito possivelmente perde a comissão técnica e os principais jogadores. Só estou aqui porque recusei uma proposta de um clube de uma outra série e que pagava mais. Assim como eu, jogadores como Leandro Leite e Amado também recebem propostas”, destacou.
JOGO TESTE CONTRA O FARROUPILHA
Uma das questões levantadas por todos é o amistoso de terça-feira contra o Farroupilha. O jogo será usado para a preparação para
a partida do domingo que vem contra o Guarani de Palhoça. Rogério esclareceu porque utilizar um amistoso na manutenção de ritmos dos jogadores ao invés do clássico de domingo.
“No jogo de terça (contra o Farroupilha) eu posso mexer como eu quiser na equipe. Posso dar 45, 90 ou 15 minutos para os jogadores. É um confronto totalmente diferente do de domingo, que tem um desgaste físico e emocional desnecessário para nós. Claro que o Bra-Pel é importante, mas a Série D é o principal objetivo do clube”.
O técnico declarou que a utilização de time reserva nos clássicos pela Copa Fernandão não são uma forma de desmerecer o Pelotas e a rivalidade.
“Eu levo muito a sério o meu trabalho. Vamos jogar o Bra-Pel com os reservas porque entendemos que é o melhor para o clube. Não tem nada de desvalorização do clássico, muito pelo contrário. Pode acontecer de eu ir jogar em Palhoça no próximo domingo e perder, faz parte”, argumentou Rogério.
SEM POLÊMICAS
Assim como na coletiva de terça-feira, o comandante rubro-negro manteve um discurso avesso às polêmicas envolvendo o clássico. De diferente, desta vez, só a confirmação de que usará o time reserva.
“No clássico passado, nunca afirmei que usaria a equipe titular. Aí eu leio hoje que o Rogério pode surpreender. Isso é uma falta de respeito comigo. Quando eu não falo sobre o time, tem a polêmica sobre quem vai jogar. Quando eu digo que vai ser reserva, criam polêmica em cima disso. O futebol é uma coisa muito séria, não é uma brincadeira e nem um jogo de palavras”, desabafou o treinador.
COPA FERNANDÃO
Ao contrário do discurso tradicional de entrar para ganhar, Zimmermann surpreendeu na resposta à pergunta sobre o motivo do Brasil ter aceitado participar da Copa Fernandão. O técnico justificou o objetivo de cumprir a perda de dois mandos de campo imposta ao clube pela invasão de campo no clássico Bra-Pel do ano passado.
“Entramos na Fernandão porque temos que cumprir dois jogos. Mesmo que não fosse para isso, é para manter o elenco em atividade. É para ter mais jogo para o sócio acompanhar. O Brasil não entrou na Copa Fernandão para ter Bra-Pel. Nós nem sabíamos que o Pelotas confirmaria a participação também. Não tem conspiração para ter Bra-Pel”, disse.
Mais uma vez, Rogério disparou contra o regulamento da competição criada pela Federação Gaúcha de Futebol. “Inventaram essa fórmula sensacional que quem perde pode continuar na competição. Eu to dizendo uma coisa que é surreal. Vamos dizer que dê empate lá na Boca do Lobo. Muito provavelmente teremos outro Bra-Pel na próxima fase”, criticou.
Para concluir a coletiva, o treinador se dirigiu diretamente ao torcedor rubro-negro. “A maior importância é na Série D. Me senti obrigado de vir aqui falar tudo isso que eu falei para o torcedor conseguir entender. Eu queria poder jogar o Bra-Pel com o time titular, mas já perdi o Garcia e o Leandro Leite tomou aquela entrada forte que era para expulsão. Só estamos na Série D e disputamos uma Copa do Brasil porque focamos no que é principal”, finalizou.