Na próxima segunda-feira (26), Brasil e Vila Nova disputam no Bento Freitas a primeira das duas batalhas que colocará uma das equipes na final da Série C do Campeonato Brasileiro. Dono da melhor defesa da competição (empatado com o Londrina), com apenas 14 gols sofridos, o time do técnico Márcio Fernandes costuma atuar em um 4-4-2 em losango, mas por vezes utiliza o 3-5-2.
4-4-2 losango
Nas últimas nove partidas, o Vila Nova entrou em campo no sistema 4-4-2 em formato de losango em seis, como na imagem acima. Neste modelo de jogo, o volante Francesco fica fixo à frente da zaga, também cobrindo avanços dos laterais. A grande arma se encontra no estilo de dois jogadores: Ramires e Robston. Os dois meio-campistas são multifuncionais e atuam mais adiantados que o camisa 5. Desta forma, exploram os espaços na faixa central, carregando a bola e fundamentalmente aparecendo como elementos surpresas na área adversária para concluir em gol. Conforme o exemplo, Zotti se posiciona mais centralizado e o móvel e habilidoso Moisés (que deu espaço a Bruno Lopes no jogo em questão) cai pela esquerda, enquanto Frontini é a referência.
Perigo ofensivo
Atuando nesse esquema, o Colorado de Goiânia se vale muito do centroavante e artilheiro Frontini. Apesar de a principal característica do camisa 9 ser a capacidade de balançar as redes usando sua força e altura, ele também é vital sem a bola. No frame capturado acima, é possível observar o atacante correndo na direção do gol e chamando a atenção da defesa para si. Desta maneira, Zotti, ex-Brasil e meia que atua centralizado, invade a área para concluir sem marcação. O detalhe é que, neste jogo (diante do Salgueiro), Moisés não atuou e foi substituído por Bruno Lopes. O atacante que ingressou na equipe cumpriu, no lance, o mesmo papel que o titular costuma realizar, indo à linha de fundo e buscando passes para dentro.
Como o Brasil pode aproveitar?
Nas partidas diante da Portuguesa, pelas quartas de final, frequentemente foi flagrada uma falha no sistema defensivo do Vila. Como se pode analisar na foto, o lateral-esquerdo Marinho Donizete cola em um jogador da Lusa que ocupava um espaço dominado pela zaga, deixando outro livre às suas costas. Se bem feito, o cruzamento geraria uma grande chance de gol. Observando este ponto, Felipe Garcia pode centralizar em direção à área quando surge um cruzamento da esquerda para tentar finalizar para as redes.
3-5-2
O Vila Nova conquistou o acesso à Série B em duelos contra a Portuguesa. Nas duas partidas contra os paulistas, o esquema tático usado inicialmente foi o 3-5-2. Em raras oportunidades ao longo da competição esse sistema foi colocado em prática, mas é uma forte possibilidade para o confronto na Baixada. Em relação ao 4-4-2, o meia central abre espaço para mais um zagueiro, liberando os laterais para atuarem como alas que apoiam muito. Quando atacada, a equipe se configura em um 5-3-2 devido ao recuo dos laterais. A base segue a mesma, com Ramires e Robston cumprindo o papel de alicerces da equipe e Moisés circulando livre para abastecer Frontini.
Perigo ofensivo
Normalmente quando vai a campo no 3-5-2, o time de Márcio Fernandes concentra seu jogo pelas laterais. No frame acima, o perigo se encontra na escapada de Moisés pela esquerda, nas costas do lateral. Mesmo com apenas dois jogadores, o Vila consegue levar vantagem e Frontini anota o tento. Este alerta vale principalmente para o jogo no Bento Freitas, onde os contra-ataques serão perigosos e Wender está suspenso. É vital anular Moisés para impedir qualquer golpe fatal.
Como o Brasil pode aproveitar?
Assim como no 4-4-2, a brecha no ótimo sistema defensiva do Vila Nova parece se encontrar no lado esquerdo. Mesmo com mudança no esquema tático, Marinho Donizete continua ocupando um espaço no qual não complica as ações de nenhum homem de vermelho e verde. Neste caso, Diogo Oliveira pode aproveitar se infiltrando na área para concluir em gol uma bola rebatida em direção à meia-lua, assim como Felipe Garcia. É importante salientar que o lance capturado é fruto de uma saída rápida da Portuguesa, pegando a defesa vermelha de surpresa. Pressionar a saída de bola de Francesco pode ser uma boa alternativa, tendo em vista que a recomposição do oponente pode apresentar problemas, especialmente pelo lado esquerdo.
Considerações
Ao longo da Série C, Márcio Fernandes alternou entre os dois esquemas apresentados mas, por diversos motivos, trocou as peças frequentemente. Mesmo assim, a essência é igual e o objetivo é executar as funções do modo mais semelhante possível. Outro adendo a ser feito é que Frontini não enfrentará o Brasil no primeiro jogo, porque foi expulso no Canindé. Seja quem for o substituto, a ideia deve ser manter uma referência na área adversária para preocupar os defensores rivais.
Estatísticas
Nos 18 jogos da primeira fase, o Vila Nova teve um aproveitamento de 61%. Foram 10 vitórias, três empates e cinco derrotas, com 33 pontos somados. O desempenho deu ao Colorado uma classificação tranquila, como 3º colocado do grupo B da Série C.
Ao longo do campeonato, contando os duelos de mata-mata contra a Portuguesa, o Vila sofreu 14 gols e tem a defesa menos vazada junto com o Londrina. Por outro lado, a equipe anotou 27 gols, quatro a menos que o Brasil (dono do melhor ataque).
Nas partidas em casa, mandadas algumas vezes no pequeno estádio OBA, o clube de Goiânia perdeu apenas duas vezes em dez. A boa campanha como mandante é reforçada pelo fato de a equipe ter sofrido apenas quatro gols sob seus domínios. Como visitante, foram cinco vitórias em dez partidas, com 12 gols marcados e 10 sofridos.