Uma nova tribo na cidade

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De um lado, um time de futebol com forte adesão popular e que tem como símbolo o índio Xavante. De outro, a tribo Kaingang, esta de verdade, marginalizada da sociedade e pela sociedade. Mas, por um dia, estas duas tribos tão distantes foram uma só. Através de uma ação realizada nesta terça-feira (12), Grêmio Esportivo Brasil – o Xavante de Pelotas – tenta auxiliar o povo indígena vindo das proximidades de Chapecó. Mais do que isso, liga um alerta sobre a situação de precariedade destes índios que novembro de 2015 se fixaram em Pelotas.

Às 14h30min, o ônibus rubro-negro saiu do Bento Freitas. Não havia, no entanto, nenhum jogador ou membro da comissão técnica a bordo. Os passageiros seriam buscados na Estação Rodoviária de Pelotas, mas não vinham de viagem alguma. Eles são integrantes de 16 famílias indígenas Kaingang que imediações do terminal por onde tantas pessoas entram e saem da cidade todos os dias é o local que encontraram como moradia.

Os índios foram até o estádio Bento Freitas, onde conheceram as instalações do clube e foram apresentados ao grupo de jogadores e ao técnico Rogério Zimmermann. As crianças jogaram bola e correram pelo gramado. Os adultos falaram sobre sua situação e mostraram os artesanatos que fazem para comercializar e garantir sua sobrevivência. Todos foram presenteados com camisas do time e, mais importante, receberam a doação de água e mais de 100 quilos de arroz, feijão e massa. Além do clube, os atletas e a Biscoitos Zezé, patrocinadora do Brasil, contribuíram nas doações.

A situação dos índios é complicada, principalmente em dias de chuva. Os porta-vozes do grupo, Pedro Salvador e Juscelino Nascimento, no entanto, tentam amenizar. Dizem que em tudo se dá um jeito e que em Pelotas estão vivendo melhor. Palavras de quem se acostumou ao verbo sobreviver, mas que também já começa a pensar em um amanhã melhor. Na cidade, esperam que os mais jovens consigam estudar e ter um futuro diferente.

Ajudar é possível

Para que os sonhos dos índios Kaingang possam prosperar, a ajuda da população de Pelotas, sua nova casa, é necessária. Água e alimentos são bem-vindos, mas garantem que o principal para eles é dar retorno ao seu trabalho de artesanato. Já adiantam, inclusive, que terão cestos de Páscoa para comercializar. A tribo está fixada na BR-382, em frente à Rodoviária.