Atende pelo apelido de “Brasão” uma das esperanças de gol da torcida áureo-cerúlea para a Divisão de Acesso. Aos 35 anos de idade, o atacante coleciona passagens por dezenas de clubes do interior do país, tendo vivido realidades semelhantes à que vai encontrar em Pelotas, com a disputa de uma segunda divisão estadual. Como profissional, defendeu equipes de todas as regiões brasileira, com exceção do Norte. No outro extremo, vestiu as camisas de Santa Cruz e Brasil.
Um imprevisto, porém, atrasou em alguns dias a sua terceira passagem por um clube do Rio Grande do Sul. Um problema com o seu carro impediu que Brasão se apresentasse com o restante do elenco azul e ouro, fazendo com que o atacante desembarcasse na Boca do Lobo apenas no último domingo (29). E, no dia seguinte, já se colocou diante dos microfones para responder as perguntas dos jornalistas na sala de imprensa.
No diálogo de quase 10 minutos, falou sobre sua preferência em termos de posicionamento no ataque, experiência do elenco, características de uma segunda divisão estadual… O curto espaço de tempo foi suficiente para o jogador emplacar boas frases. Foi assim que ele encerrou seu comentário sobre a realidade da Divisão de Acesso: “Infelizmente, minha mãe não pode chorar, vai ter que chorar a mãe dos outros”.
Confira abaixo as falas de Brasão na coletiva de imprensa da última segunda-feira.
Treinamentos
Infelizmente tive um problema que não deixou me apresentar junto com o restante do grupo, mas já foi resolvido e agora estou muito feliz em estar nesse clube e poder vestir essa camisa.
Comissão técnica
Sempre que você perde um treinamento é ruim. Fui recebido muito bem e eles já trataram de fazer toda uma logística pra tentar se chegar no mesmo nível dos outros atletas, que estão uma semana há frente. Com certeza o Pelotas está servido de ótimos profissionais, que com certeza vão deixar todos bem pra buscar o nosso objetivo que é o acesso.
Responsabilidade
Não tem como fugir disso. Artilheiro, camisa 9, não sei se vou ser, mas uma coisa tenho em mente: tenho certeza que vou me dedicar, vou me esforçar, pensar, viver e respirar única e exclusivamente o Pelotas e essa segunda divisão atrás de um só objetivo, que é o acesso. O Pelotas não pode estar na segunda divisão.
Experiência do elenco
Foi uma das coisas que senti quando cheguei. Eu me apresentei em um domingo, que é meio difícil. Chegando aqui em um domingo a tarde, percebi um ambiente muito bom, um vestiário muito bom com jogadores experientes, os mais novos fazendo um treinamento com muita intensidade. O jogador de futebol, num domingo, com um calor do jeito que está fazendo aqui, todo mundo quer descansar, se divertir, passear com a família e o pessoal estava trabalhando firme. Prestei muita atenção na harmonia. Apesar de ser a primeira semana o pessoal está bem amigo, bem receptivo. Pra você conseguir acesso você tem que ter um grupo bom.
Divisão de acesso
É uma divisão que acima de tudo, tem que ter vontade e o coração no bico da chuteira. Nem sempre vai ser na técnica, as vezes vai ser só na raça. Nosso torcedor tem que entender que as vezes, 1 a 0 vai ser goleada, por que o objetivo principal da nossa equipe é subir. Vai ter situações que você não vai fazer um jogo tão bom e ganhar de 1 a 0. Pode acontecer de fazer um jogo muito bom e empatar. Já tive experiência aqui no passado, é uma competição muito dura, tem que achar a batida certa da qualidade, mas não podemos abrir mão da vontade. Infelizmente, minha mãe não pode chorar, vai ter que chorar a mãe dos outros.
Esquema preferencial
Joguei muitos anos de lado. Com o passar do tempo fiquei mais dentro da área, e venho há uns 5, 6 anos jogando só como referência. Mas estou aqui pra ajudar, a maneira que o Marcelo (Rospide) me colocar eu vou fazer. Aquela velha história, se precisar de zagueiro, goleiro, atacante… não vim pensando exclusivamente em mim, mas no clube. E o clube indo bem, aparecem coisas melhores. Estamos aqui como só mais uma peça desse quebra-cabeça.
Recado para o torcedor
Acompanhei o torcedor jogando por outras equipes. Única coisa que tenho a dizer é que precisamos do nosso torcedor do nosso lado. Cheguei no meu armário e estava escrito “vamos subir”, e esse é o pensamento. O torcedor de verdade acompanha o time nessa situação, sei que o torcedor nunca abandonou e nunca vai abandonar o Pelotas, mas esse é o momento crítico, uma segunda divisão. Em nome dos jogadores e do clube, peço que todos possam dar a mão para o outro e nos ajudar, por que a minha intenção e a de todos é subir. Vamos viver e respirar e vamos subir o Pelotas.