Raio-X: reformulado, Brasil pensa alto no Campeonato Gaúcho

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Por Heitor Araujo e Vitor Azocar

O Campeonato Gaúcho 2017 começa neste domingo (29) para o Brasil. De cara, o Rubro-negro tem uma missão complicada: enfrenta o Juventude, outro time do Rio Grande do Sul a disputar a Série B do Brasileirão deste ano. Pela primeira vez desde que Rogério Zimmermann retornou ao clube, em 2012, o Xavante passa por uma reformulação no elenco. Ao todo, 16 jogadores deixaram a equipe desde o fim da Série B do ano passado, incluindo o artilheiro Felipe Garcia e o maestro Diogo Oliveira. Outros 11 chegaram para disputar o Gauchão desta temporada, grande parte por empréstimo ou vindo em definitivo do interior gaúcho.

A demora nas contratações e os resultados abaixo do esperado na pré-temporada preocuparam o torcedor. Por parte da comissão técnica e jogadores, no entanto, o discurso mudou. Pela primeira vez se fala em fazer um bom Campeonato Gaúcho. A pontuação necessária para escapar do rebaixamento não é mais o alvo de Rogério Zimmermann, Leandro Leite e Cláudio Fabrício Montanelli. Desta vez, o Brasil aceitou o rótulo de principal equipe do interior do Rio Grande do Sul.

De olho no Gauchão, a equipe do Rede Esportiva fez um levantamento do que mudou no elenco rubro-negro e quais as expectativas para o Campeonato Gaúcho, que, com doze equipes, terá o menor número de participantes dos últimos anos. Pedimos a análise de jornalistas esportivos da cidade para saber até onde o Xavante pode ir neste primeiro semestre de 2017.

Elenco

Goleiros: nada mudou. Eduardo Martini, Anderson e Carlos Eduardo permaneceram.

Laterais: mudança apenas no lado direito titular. Weldinho saiu; para o seu lugar, chegou Éder Sciola, ex-Sampaio Corrêa, que disputa posição com o remanescente Wender. Na esquerda, Tiago Silva chegou para fazer sombra a Marlon.

Zagueiros: Leandro Camilo, Teco, Cirilo e Evaldo permaneceram. A dúvida é qual será titular ao lado de Camilo.

Volantes: pilares do meio-campo em outras temporadas, a dupla sofreu uma baixa, já que Washington foi para o futebol japonês. Nem, Galiardo e João Afonso, emprestado pelo Internacional, disputam a camisa 8.

Meias: Sem Diogo Oliveira, a camisa 10 ficou sem dono. Aloísio, ex-Vila Nova, Lenílson, ex-São Paulo de Rio Grande, e Rennan Oliveira disputam posição. Pelos lados do campo, além do trio, Jean Silva e os mais novos contratados, Marcinho, Bruno Lopes e Juninho podem fazer a função.

Atacante: a dúvida é qual a característica que Rogério Zimmermann espera para essa função. Rodrigo Silva e Gustavo Papa podem ser os jogadores mais fixos, mas algum meio-campista pode atuar no setor e dar mais mobilidade ao time.

Opinião

As mudanças pelas quais o elenco rubro-negro passou naturalmente levantam alguns questionamentos. O que mudou na característica e qualidade do Brasil com as saídas e chegadas de jogadores? Qual o setor mais fortalecido do elenco? Qual o mais fraco? Individualmente, quem pode se destacar? Além disso, quais equipes apresentam potencial para brigar de igual para igual com o Xavante ao longo do Campeonato Gaúcho? Fizemos essas e outras perguntas para os jornalistas Pedro Petrucci, da Rádio Universidade, Vinícius Guerreiro, do Diário Popular e Bruno Halpern, da RBS TV, que cobrem o dia a dia do futebol pelotense.

Para os especialistas

Pedro Petrucci, da Rádio Universidade: “Os reforços contratados pelo Brasil têm características muito semelhantes às dos jogadores que deixaram o plantel. Creio que a mudança mais significativa ocorreu na lateral direita. Weldinho atuava como lateral ofensivo – com frequentes chegadas ao ataque – e Éder Sciola comporta-se mais como lateral-base, sem tanta colaboração na frente.

Percebo queda em qualidade no setor ofensivo. Nenhum dos meias centrais contratados têm a qualidade do Diogo Oliveira, por exemplo. A defesa segue sendo o ponto forte do Brasil, apesar das falhas significativas no último amistoso. Com muitas mudanças, a área de meias-atacantes ainda é uma incógnita”.

Lenílson em ação no empate sem gols contra o Novo Hamburgo (Foto: Jonathan Silva/GE Brasil)
Lenílson em ação no empate sem gols contra o Novo Hamburgo (Foto: Jonathan Silva/GE Brasil)

Vinícius Guerreiro, Diário Popular: “Em relação à qualidade é difícil, e nem seria justo, dizer com apenas quatro amistosos. A característica é um grupo mais jovem e que terá mais velocidade e mobilidade na frente. A defesa, obviamente, é o setor mais forte neste momento pois segue intacta caso Wender retorne à titularidade na lateral direita. Defensivamente é mais efetivo que Weldinho.

Perde na parte ofensiva, mas Wender, até se lesionar, vinha bem na função. Leite precisará achar um novo companheiro, mas Washington não fez boa temporada. A tendência é que Nem ou João Afonso evoluam o setor. As ausências de Ramon, Garcia e Diogo Oliveira que serão difíceis de serem substituídas por estarem acostumados e se adaptarem bem ao estilo de jogo de Zimmermann”.

Bruno Halpern, RBS TV: “O setor mais forte é a defesa, que é praticamente a mesma do ano passado. Do meio pra frente, tem boas peças, agora é questão de entrosamento. Acho que o Brasil tem a tendência de crescer durante a competição. Contratou bem e rejuvenesceu a equipe”.

O “cara”

Um dos principais jogadores do meio para a frente nos últimos anos, Diogo Oliveira, saiu para o Paysandu, rival xavante na Série B. Os principais nomes do setor defensivo, como Leandro Leite e Eduardo Martini, permaneceram. Na opinião dos especialistas, eles são os jogadores que chamarão a responsabilidade no Gauchão.

Pedro Petrucci: “Lenílson é figurinha carimbada no Gauchão, porém ninguém esperava vê-lo vestindo a camisa Xavante e atuando como ponta direita. Seu desempenho na pré-temporada foi bom e por isso aposto nele como surpresa. O cara do Brasil segue sendo Leandro Leite, o capitão e símbolo da ascensão recente”

Vinícius Guerreiro“No Gauchão, o cara deverá ser o Leandro Leite. A experiência e a evolução que teve durante a Série B serão fundamentais nessa arrancada. Mas aposto no Nem se ganhar sequência como segundo volante e ter meias que aproximem para jogarem com ele”.

Leandro Leite foi apontado como um dos possíveis destaques para o estadual (Foto: Carlos Insaurriaga/GE Brasil)
Leandro Leite foi apontado como um dos possíveis destaques para o estadual (Foto: Carlos Insaurriaga/GE Brasil)

Bruno Halpern“Difícil apostar. Normalmente a gente tem a ideia desse destaque em jogadores que fazem gol ou decidem em um passe. Esses são justamente os jogadores que nós mesmos conhecemos do elenco. O Martini pode ser de novo o cara, como em competições anteriores. É a grande referência Xavante. Marcinho (atacante emprestado pelo Inter) pode ser a surpresa”.

Setor mais forte

“A defesa, obviamente, é o setor mais forte neste momento pois segue intacta caso Wender retorne à titularidade na lateral direita. Defensivamente é mais efetivo que Weldinho. Perde na parte ofensiva, mas Wender, até se lesionar, vinha bem na função. Leite precisará achar um novo companheiro, mas Washington não fez boa temporada. A tendência é que Nem ou João Afonso evoluam o setor. As ausências de Ramon, Garcia e Diogo Oliveira que serão difíceis de serem substituídas por estarem acostumado e se adaptarem bem ao estilo de jogo de Zimmermann”, Vinícius Guerreiro.

O remanescente Leandro Camilo foi um dos destaques rubro-negros em 2016 (Foto: Carlos Insaurriaga/GEB)
O remanescente Leandro Camilo foi um dos destaques rubro-negros em 2016 (Foto: Carlos Insaurriaga/GEB)

“Defesa segue sendo o ponto forte do Brasil, apesar das falhas significativas no último amistoso. Com muitas mudanças, a área de meias-atacantes ainda é uma incógnita”, Pedro Petrucci.

Principais adversários

Atrelada à longevidade do técnico Rogério Zimmermann, a rápida ascensão do Xavante nos últimos anos faz com que as expectativas sejam altas, especialmente no Campeonato Gaúcho. Para os jornalistas, além de Grêmio e Internacional, o Juventude, que também disputará a Série B do Brasileirão deste ano, podem ser rivais na parte de cima da tabela. Ypiranga e São José também foram lembrados.

Pedro Petrucci: “Antes dos rivais do Gauchão, o principal adversário do Brasil é o tempo. Mais da metade da pré-temporada foi feita com o elenco incompleto e carente de peças no setor ofensivo. O primeiros jogos do campeonato vão servir ainda para desenvolvimento da equipe”.

Vinícius Guerreiro: “O campeonato esse ano tem 12 times, muitos se reforçaram bem e a tendência é que não tenha jogo fácil.  Brasil só pode ter três adversários na competição: a dupla Gre-Nal e o Juventude. Isso na teoria. O investimento do Brasil é maior que o restante, tem uma comissão técnica muito qualificada. Mas futebol não é assim. Acredito que a maioria das partidas serão equilibradas por essa falta de entrosamento do setor ofensivo. Mesmo assim o Brasil tem que brigar para chegar ao menos na semifinal”.

Bruno Halpern: “Acho que o Brasil tem a tendência de crescer durante a competição. Contratou bem e rejuvenesceu a equipe. Acredito que ficando entre os quatro melhores do Gauchão, o Brasil vai ter cumprido o seu papel. Os adversários são as equipes com mais tempo de trabalho, continuidade de grupo e comissão técnica. Além da dupla Gre-Nal, Juventude, Ypiranga e São José serão adversários complicados”.