Zimmermann: “O grupo que se formou tem boas opções”

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A utilização dos novos reforços, as diferentes características dos jogadores e a expulsão de Eduardo Martini foram alguns dos pontos tocados pelo técnico Rogério Zimmermann na entrevista coletiva feita na tarde desta sexta-feira (03) no estádio Bento Freitas. Por mais que tenha sido realizada às vésperas do confronto contra o Cruzeiro, no domingo, a conversa de aproximadamente meia hora não se inclinou muito para a projeção da estreia rubro-negra no Bento Freitas no Campeonato Gaúcho.

Assim, o treinador deu poucas pistas sobre a escalação para a partida deste final de semana. O cenário recente, aliás, dificulta ainda mais uma projeção, já que Rogério se mostrou satisfeito com a utilização de novas peças (Evaldo, João Afonso, Rennan Oliveira, Juninho e Marcinho, por exemplo) na derrota contra o Internacional pela Primeira Liga. Nesse sentido, Zimmermann considerou a possibilidade de o Xavante “talvez não seja um time que joga sempre com a mesma equipe”.

Lições do jogo contra o Internacional

Acho que esses dois primeiros jogos oficiais (contra Juventude pelo Campeonato Gaúcho e Internacional pela Primeira Liga) oportunizaram o maior número possível de jogadores atuarem e nós irmos conhecendo. O Juninho, por exemplo, não tinha jogado, tinha colocado ele por 10 minutos aqui contra o São Paulo (de Rio Grande, em amistoso). O Bruno (Lopes) e o João (Afonso) são jogadores que não atuaram contra o Juventude. Eu tinha visto lá o Aloísio, Lenílson, Jean (Silva).

O que eu aproveitei foi oportunizar os jogadores que estão chegando a mostrar suas características, isso foi bom. O que podemos tirar dos jogos é você conhecer melhor a característica do seu jogador. Evidente que se conhece, porque foi contratado, mas digo em relação à adaptação à equipe. Acredito que foi positivo. Num curto espaço de tempo, se for analisar, Juninho, Marcinho e Bruno chegaram na véspera do último amistoso… pelo pouco tempo, deu pra conhecer bem os atletas já vestindo a camisa do brasil.

Novas opções

Sei que vamos estar comparando sempre ao ano passado. Eu não penso muito nisso. No momento que você tem o Juninho, que pode fazer os dois lados, o Bruno, que pode jogar pelo lado e por dentro, o Lenílson que jogou por dentro e por fora, o Jean, que pode jogar pelos dois lados… Acredito que o grupo que se formou tem boas opções. Jogadores com características diferentes: o Rodrigo (Silva), o Gustavo (Papa), o Bruno (Lopes), são completamente diferentes um do outro. O Juninho pode jogar pelo lado, o Jean e o Lenílson também… são completamente diferentes um do outro.

Tem um número bom de opções. Características diferentes, tanto que mudei o trio dos volantes, o próprio Nem jogando em duas funções. Me agrada. Ainda tem dois jogadores da área que não puderam atuar, o Gustavo no último jogo e o Rodrigo. Vamos ver a sequência, se eles vão crescendo. Como característica, estou satisfeito, em termos de possibilidade de várias trocas, de mudar o sistema tático com os mesmos jogadores, de um jogador desempenhar mais de uma função. Não compararia ao ano passado, mas olhando esse ano, vejo que são boas alternativas.

Cruzeiro

Se forem lembrar o que foi o primeiro amistoso contra o São Paulo, sem ninguém no banco praticamente, naqueles jogos que o jogador normalmente joga 45 minutos, o Lenílson e o Jean Silva atuaram 90. No segundo jogo contra o Novo Hamburgo também. Nessa última partida você vê o número de opções que se tem, felizmente se usou bem os quatro amistosos e essas duas partidas oficiais. Talvez se a partida contra o Inter fosse no Campeonato Gaúcho, talvez fosse um time mais próximo do jogo contra o Juventude.

Agora tenho o João Afonso com ritmo de jogo, tenho o Galiardo, o Nem, o Leandro… tenho todos. Jogou o Aloísio, agora jogou o Rennan Oliveira. Se a atuação contra o Inter, quando coloquei esses jogadores mais novos, não fosse boa individualmente, eu poderia dizer que ficaria o time contra o Juventude, mas eu gostei. Não é que cria dúvidas, mas são alternativas boas. Talvez o Brasil não seja um time que fica jogando sempre com a mesma equipe, ele pode ter uma variação. Por exemplo, fiquei satisfeito com o Nem como volante contra o Juventude e agora como terceiro homem do meio de campo. Eu vejo da mesma maneira que o Jean Silva estava muito desgastado pelo que fez contra o Juventude, também tenho que analisar os jogadores que atuaram boa parte do tempo com um a menos para o jogo de domingo. A resposta foi positiva. Nem sempre que começa jogando significa que está melhor, o importante é você ter opções e eu vou pensar.

Sistema defensivo

Quando a gente estava fazendo os amistosos, dizíamos assim: do meio pra frente o Rogério está buscando alternativas, variando. Mas estávamos mudando bastante a defesa, o Tiago Silva estava jogando mais vezes que o Marlon, o Evaldo mais que o Cirilo. Eu estava mexendo bastante na defesa, um jogo era Cirilo e Camilo, depois o Camilo ficou no banco, jogou Cirilo e Evaldo… Como são jogadores conhecidos, não chamava muito atenção, as mesmas variações do meio pra frente, eu estava fazendo atrás. Botei Leandro e Nem (contra o São Paulo), contra o Novo Hamburgo o Nem fez a mesma função que fez contra o Inter…

Com relação à parte defensiva, o início contra o Inter não foi bom, mas quando a gente leva gol não é uma questão só do zagueiro, sistema defensivo é todo mundo. Depois se normalizou. O Evaldo fez uma boa partida, segura. Esse é o grande lance, jogas com Cirilo e Camilo e contra o Juventude não leva gol. Contra o Inter, não passou pelo Evaldo o segundo gol, ali era outro tipo de marcação. Isso é o que te dá segurança, fiquei satisfeito principalmente pelo primeiro jogo contra o Juventude, e quando ficamos com um jogador a menos contra o Inter. O se não foi esse início contra o Inter, mas temos que entender que assim como o Brasil joga em casa e pressiona no início, o Inter iria pressionar. Também tem que dar méritos para os jogadores do Inter. De modo geral estou satisfeito. Nas primeiras quatro partidas são muito testes. Pegando os dois jogos, tirando esse detalhe, a análise é positiva, também trocando os zagueiros.

Equilíbrio

Quando fomos iniciar a pré-temporada e nos primeiros amistosos, não tinham chegado vários jogadores. Em uma semana chegaram quatro ou cinco, um atrás do outro. Ali estava muito preocupante. Na prática, essa amostragem dessas duas partidas, aí já com o grupo… surpreender não é a palavra, porque parece que você não se preparou para o que está acontecendo… mas me deixou satisfeito, mas é uma amostragem muito pequena. Tenho comentado que se o Brasil fosse mal, eu também não emitiria um conceito definitivo, porque é um início. Ficou dentro da expectativa, talvez um pouco acima, mas é início. Você tem que trabalhar muito para não ter uma recaída.

A amostragem é boa pra essas circunstâncias, mas é pequena. Me parece que os jogadores que chegaram estão já com a ideia do Brasil, inclusive naquele momento de adversidade, você está perdendo para o Inter por 2 a 0 no Beira-Rio e fica com um a menos, pode acontecer um desastre. O poder de reação desses jogadores me deixou satisfeito, muito parecido com a trajetória do Brasil nos últimos anos.

 

Nem em duas funções

Quando você vai contratar o João (Afonso), tem que olhar a característica dos jogadores que você já tem. Você vai equilibrando, sendo da mesma posição mas com a característica um pouco diferente. Quando você tem uma continuidade, é mais ou menos como um estádio.Você precisa do resultado imediato, mas também tem que pensar que um estádio você demora 5, 6 anos pra fazer, mas ele vai ficar por 30, 40, 50 anos. Hoje eu estou usando um campo de treino, é uma grande progresso. Eu tinha pedido em 2004 um Centro de Treinamento, voltei em 2012 e não tinha nada, não mudou nada. A partir de 2012 começaram a construir. Hoje, 2017, entregaram um campo. Muitas vezes você tem que pensar no clube daqui a 10 anos. A categoria de base está começando agora, não vai dar resultado agora, mas daqui a 5, 10 anos pode ser uma potência.

Vou citar dois casos. Eu lembrei do Evaldo. O Evaldo passou quase um ano inteiro com algumas dificuldades, ele jogou muito bem aqui, foi pro exterior, ficou praticamente dois anos parado, voltou pra cá e teve que ter uma adaptação em função desse tempo. E hoje você tem um grande jogador. O Nem é a mesma coisa, veio de 2015 com uma lesão de ligamento cruzado, ele não estava jogando. O Nem teve uma adaptação em 2016 pra começar a jogar agora, isso é continuidade. É essa possibilidade de trabalhar para o resultado imediato mas também fazer umas coisas que você vai colher lá na frente.

Arbitragem

Acho que foi atípico essa situação do Martini, não me lembro de ele ter sido expulso daquela maneira, foi exceção. O parâmetro foi o primeiro jogo contra o Juventude, que levamos dois cartões. Acho fundamental levar pouco cartão, ter uma relação tranquila com a arbitragem… Acho que no campeonato gaúcho você não pode errar nunca, ele está cada vez mais curto, mas tem 10 equipes muito parecidas, que são as equipes do interior. Acho sempre muito justo os campeonatos de pontos corridos, todos contra todos, turno e returno. Às vezes os árbitros são novos, é que nem o jogador novo. A questão da arbitragem não é de idade, mas de competência. Sendo um árbitro competente, torcemos pra que ele tenha uma boa atuação e por ser um campeonato curto, queremos que tenha uma boa arbitragem para que os resultados sejam os mais justos possíveis.