Nessa segunda-feira(27), pós resultado vitorioso contra o São Gabriel, na Terra dos Marechais, o goleiro Rafael, um dos jogadores mais experientes e identificados do elenco, foi o escolhido para conceder entrevista coletiva. O arqueiro falou sobre o ambiente do grupo depois de um turbilhão de emoções na última semana.
Da demissão de Marcelo Rospide à vitória de ontem, o ambiente do elenco parece ter sofrido um bela mudança, mas para o experiente goleiro não é bem assim. O que mudou mesmo foi o bom futebol: “O ambiente sempre teve bom. É normal ter desconfiança da torcida, mas tenho certeza absoluta que a confiança nunca foi abalada. As vezes as mudanças acontecem não porque a gente quer, mas elas são benéficas. Sempre que tem mudança de comando todos acham que têm condições de jogar e isso é bom para o clube. E foi o que a gente provou lá. Fizemos um bom futebol, diferente do que havia acontecido até então. Com mais doação e visão de que estamos numa segunda divisão, mas também com muita qualidade.”
Um time mais aguerrido e com um sentimento de urgência que ainda não havia sido visto. Esse foi o Pelotas na partida contra o Sanga. Mas é claro, sem qualidade não se ganha jogo. Para o arqueiro a chance de colocar pra fora esse espírito de Divisão de Acesso fez toda a diferença. “A doação já tava conosco, só faltava colocar pra fora. Temos um bom time, quiçá o melhor da competição. Só que a gente achou que talvez podia fazer gol a qualquer momento. Ontem não, botamos em prática nossa qualidade e determinação, conhecendo nossos limites e tentando jogar da forma que o campeonato nos pede.”
Assumindo uma “bomba”, Felipe Müller chegou ao comando do grupo profissional do Pelotas pela terceira vez. Todas como interino. E, após a vitória no domingo, Felipe ainda não perdeu no cargo de treinador do clube. Rafael credita muito da vitória a ele. “A liberdade, a leveza que o Felipe nos deu pra treinar e pra jogar, com certeza contribuiu pra que pudéssemos entender o campeonato. Estávamos num momento complicado, a tabela ainda nos favorecia mas não conseguíamos os resultados e não vínhamos jogando bem. Ontem conseguimos reverter tudo isso e nos dar mais credibilidade”
A próxima partida é contra o Guarani-VA, também longe da Boca do Lobo. Em partida atrasada da segunda rodada, quando um temporal impediu a realização em Venâncio Aires, o Lobo pode assumir a liderança e afastar a desconfiança que paira em cima do grupo. “A desconfiança faz parte, o que importa é não deixar de acreditar. Eu sempre acreditei, deixei bem claro isso. O que vai acontecer é que vamos ter de fazer um bom jogo. Vai ser difícil mas vai ser diferente. Diferente porque estamos com mais moral e também porque sabemos o que temos que fazer.”
Rafael também teve a chance de se explicar sobre a confusão onde foi expulso, no empate em casa contra o Guarany de Bagé. Sempre folclórico, o ídolo do torcedor áureo-cerúleo não tentou se defender, mas sim expor os motivos pelos quais tomou tal atitude. “Na verdade não vou me defender porque foi feito de caso pensado. Tu tá na tua casa e tá assistindo um filme. Aí de repente um cara passa na tua janela e chamar a tua mulher, mas tu continua assistindo o filme e não dá bola. Depois, na melhor parte do filme, que é o fim, esse cara começa a bater na tua janela e chamar tua mulher. O que tu vai fazer? Vai lá e vai xingar o cara. Foi pura e simplesmente isso. Ele veio dentro da minha casa, na frente da minha torcida e tentou desfazer o meu time. Fui defender o meu time, nada mais que isso.”
Em meio às especulações de que Leocir D’Allastra é o ficha um para assumir o Pelotas, Rafael preferiu não comentar e sim exaltar o trabalho de Felipe Müller. “Acho que o Felipe já demonstrou tudo o que precisava nesse primeiro jogo. Acho que um treinador das categorias de base que assume dois, três dias antes de um jogo importantíssimo, num momento importantíssimo e mostra que temos condições de fazer um bom jogo é tudo que precisa ser dito.”
Müller ainda comanda o Lobo na próxima partida, quinta-feira, contra o Guarani-VA no Estádio Edmundo Feix. Se vencer, além do Lobão assumir a liderança da chave, mais questionamentos surgirão, perguntando se é preciso mesmo um novo nome para o comando técnico, ou se a resposta já está na casamata.