Três zagueiros: simplificar não é certeza de sucesso

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O início do Pelotas na Divisão de Acesso em termos de resultados é satisfatório. Quatro pontos em dois jogos – vitória em casa e empate fora de casa – estão dentro da projeção de uma equipe que busca a classificação para a fase seguinte. Ao analisar as duas primeiras partidas, porém, identificou-se erros coletivos e individuais que geraram baixo desempenho da equipe nos primeiros tempos. Jogadores nervosos, falhando nos passes e na leitura da marcação zonal foram pontos evidenciados. Entre os destaques positivos, a capacidade de reação da equipe para executar o que foi planejado e remontar placares negativos. Levando em consideração que só é necessário reagir no marcador quem encontra-se em desvantagem, surgem questionamentos de torcedores e imprensa quanto a organização da equipe em um sistema com três zagueiros. Seria mesmo o problema? Já adianto: não é. Entretanto, não descarto que o técnico Marcelo Rospide possa alterar a estrutura da equipe para os próximos jogos.

Foto: reprodução TacticalPad
Lobo que enfrentou o Aimoré: ideia é se posicionar defensivamente no 5-4-1 (Foto: reprodução TacticalPad)

Erro de passes

O modelo de jogo adotado pelo Lobo opta por valorizar a posse de bola, com a construção do ataque a partir dos jogadores de defesa e incentiva ao jogo apoiado – com os atletas próximos ao portador da bola projetando-se em espaço vazio, criando opções de passe. Se os jogadores falham muitos passes (questão técnica), evidentemente o modelo não funciona. O erro não está atrelado ao uso de três zagueiros.

Transição defensiva e organização defensiva

A transição defensiva é a fase de jogo entre a ação ofensiva e a defensiva. Ela é caracterizada após a perda da bola na organização do ataque e tempo (normalmente uma questão segundos) em que a equipe que está sem a bola demora em se reorganizar na defesa. Percebeu-se nos lances de perigo criados pelos adversários do áureo-cerúleo a dúvida dos defensores entre pressionar ou recuar e, por consequência, indecisão na execução das coberturas da marcação por zona. A falha, mais uma vez, não está vinculada ao número de defensores, mas sim ao funcionamento da estratégia.

Foto: frame TV Lobão
Defesa áureo-cerúlea estava desorganizada no primeiro gol do Aimoré  (Foto: frame TV Lobão)

Linha de quatro com dois zagueiros é solução?

O funcionamento equilibrado do 3-4-3 exige um tempo maior para ser desenvolvido, pois grande parte do elenco não está habituada a atuar desta forma. Assim, a resposta dificilmente será instantânea. Os erros que fizeram o Pelotas sair atrás no placar nos jogos não estão aliados simplesmente ao fato de três atletas ocuparem o setor de defesa, mas sim da execução do esquema como um todo ou falhas individuais. Os adeptos imediatismo, no entanto, sugerem uma pura mudança para linha de quatro defensores (dois zagueiros e dois laterais), formato mais usual no futebol. Opinião da qual discordo, pois não há garantia de que a simplificação leva ao sucesso.

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Nos próximos jogos, contudo, poderemos ver o Lobo atuando no 4-4-2 (formação testada com menos ênfase na pré-temporada) Com Mikael – Gasparetto – Heitor – Darlem, diante do Avenida, o Pelotas conseguiu o gol da vitória; com Darlem – Cleiton – Gasparetto – Nicolas, o empate foi buscado contra o Aimoré. O principal para evitar gols cedo será a melhor execução do modelo de jogo.

https://www.redeesportiva.com/v1/o-que-voce-vera-do-lobo-em-2017/