OPINIÃO: Boca do Lobo, o alçapão dos adversários

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Nos meus 22 anos de vida, já vi centenas de entrevistas de jogadores, dirigentes, técnicos e pessoas ligadas ao futebol ressaltando a importância e a grande vantagem atribuída pelo fator casa. Casa, como o próprio nome sugere, que deve ser um lugar de conforto, de estabilidade, de segurança. Lugares transformados em alçapões por torcedores apaixonados, capazes de fazer tremer o mais temível dos adversários. Casa que enche os atletas “locais” de motivação, fazendo-os se sentir guerreiros romanos em uma batalha medieval. Não entendo, entretanto, como um time consegue ir tão mal e ter um desempenho tão ruim num local que deveria ser a sua garantia de bons resultados. O Pelotas tem sido o protagonista desta “proeza” em 2011, transformando a Boca do Lobo em um grande alçapão… para os adversários.

Boca do Lobo: estádio deveria servir como um alçapão a favor do Lobo, não contra

Não julgo o comportamento da torcida neste sentido. Sou completamente contrário à manifestações que envolvam a violência, mas acredito que seja direito do torcedor cobrar à sua equipe por melhores resultados. O desempenho do Pelotas em 2011 ainda não convenceu a ninguém. Acompanhei todos os jogos do clube no Gauchão deste ano, e em todos vejo os mesmos defeitos sendo repetidos sem que aconteçam as correções necessárias. Por isso, há a necessidade de grandes mudanças, que começam, sim, pela comissão técnica.

O Pelotas investiu muito, contratou jogadores de nome, que foram muito bem em outros clubes. Mas a produção coletiva da equipe neste momento é insatisfatória, para não dizer mínima. O time tem dificuldades para sair de trás, para jogar pelos lados, para balançar a rede e ainda sofre gols bobos. É difícil até apontar os méritos áureo-cerúleos, que para mim se resumem ao desempenho da dupla Tiago Duarte e Sandro Sotilli e à crescente do zagueiro Jonas, que evoluiu demais na comparação com ele mesmo.

Tiago Duarte e Sotilli: exceções na crise do clube

Não vou falar de esquema táticos ou escalações. No final do jogo de hoje o Pelotas atuava com Jonas como centroavante e Maicon Sapucaia na zaga, ligando o ataque. Organização 0, mas vibração 10. Depois de sofrer o terceiro gol hoje, a equipe finalmente mostrou alguma vibração, poder de reação, vontade de jogar futebol. Pararam os toques curtos e errados, os lances sem objetividade, e a tônica passou a ser a da velocidade e da força ofensiva. Alan e Léo Dias cresceram, a equipe cresceu e foi, pela primeira vez em 2011, um time de futebol.

Time este que, como um urso que hibernava, acordou, mas acordou tarde demais, não conseguindo a tão sonhada reação. A dúvida é: por que cargas d’água o Pelotas não corre assim desde o início das partidas, por que não havia tido este comportamento ainda durante este Gauchão? Não sei responder. Questionei isso para o Bopp, ele falou que a equipe tem muitas oscilações. Dal Pozzo falou que o problema é o desempenho em casa, constatação que hei de contestar. Em suma, a pergunta foi feita, mas a resposta que eu esperava não me foi cedida.

O tempo de Dal Pozzo já se foi. Na minha concepção, a mudança de postura na equipe começa com uma renovação na casamata. O grupo de jogadores também tende a ser um pouco modificado, mas é possível reverter a situação com pequenas trocas de peças. Para mim, é mais importante restabelecer a confiança daqueles que tem a acrescentar do que procurar vilões à cada derrota. Alan, Léo Dias, Gavião, Wanderson e outros não podem jogar tão mal tendo o desempenho que tiveram em outros clubes. Não quero acreditar nisso.

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Dal Pozzo está com a cabeça à prêmio

A direção do Pelotas vai ter que tomar alguma providência para fazer com que a Boca do Lobo deixe de ser o antro da discórdia e volte a ser o alçapão áureo-cerúleo.

2 comentários em “OPINIÃO: Boca do Lobo, o alçapão dos adversários”

  1. Concordo contigo Kerr, o Pelotas consegue jogar melhor fora de casa, não da pra acreditar, dentro de casa é só fiasco. Abraço.

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