Cinco motivos para realizar ou não o clássico Bra-Pel

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O último Bra-Pel foi realizado há quase cinco anos, no dia 3 de Outubro de 2006, quando o Brasil derrotou o Pelotas por 4 a 1, em jogo válido pela copa do segundo semestre daquele ano. De lá para cá, a rivalidade se fez presente somente fora das quatro linhas. O Rede Esportiva destaca agora cinco motivos para a realização e cinco para a não-realização do clássico neste momento.

PRÓS:

1 – Aumento da rivalidade dentro de campo

A rivalidade entre Brasil e Pelotas sempre foi forte e motivo de orgulho para os que acompanham o futebol da cidade. Os grandes clássicos das décadas de 80 e 90 transformaram alguns atletas da dupla em heróis que ficarão para a história dos clubes. Desde 2006 esta rivalidade só se faz presente fora das quatro linhas, e a falta de jogos traz saudades dos antigos tempos para os torcedores, dando ao clássico um aspecto de passado, e não de presente.

2 – Aspecto financeiro

Mesmo que haja somente um jogo amistoso entre Brasil e Pelotas nesta semana, disputado provavelmente na Boca do Lobo, é quase certa a presença de casa cheia, tendo em vista que a cidade espera ansiosamente pela realização de um clássico. Se a lotação máxima, 20 mil, for atingida, e as equipes dividirem a renda, é possível que cada um dos times tenha um lucro estimado em 80 a 90 mil reais, o que contribuiria e muito para a saúde financeira dos dois clubes.

3 – Pelotas: a volta por cima

O Pelotas não vem bem no campeonato Gaúcho, e pode-se dizer que o torcedor áureo-cerúleo está insatisfeito com o rendimento do time, tendo inclusive feito fortes manifestos nas últimas apresentações do clube na cidade. Uma vitória sobre o rival daria confiança ao Lobo, e ajudaria para que a equipe fizesse as pazes com a torcida.

4 – Brasil: nada a perder

O Brasil está disputando a segunda divisão gaúcha. Com todo o respeito a esta competição, mas as equipes nela inseridas acabam por ter um investimento muito menor na comparação com as que disputam à elite do estado. Assim sendo, o rubro-negro, que ainda vive período de pré-temporada, não teria nada a perder diante do rival, que atravessa um outro momento. Uma vitória encheria o torcedor rubro-negro de confiança, mas uma derrota não diminuiria as expectativas do torcedor para o ano do centenário.

5 – Clássico é história

Cada clássico Bra-Pel é um parágrafo escrito na bela história dos nossos clubes. Os clássicos não são jogos comuns, são partidas transformadas em lendas e repassadas de geração em geração, como um conto de fadas, por aqueles que tem o privilégio de presenciar estes embates centenários. Por sua importância histórica, deveria se dar uma importância maior ao Bra-Pel. Repito: a cidade não vive a sua maior rivalidade de maneira mais concreta há 5 anos.

Há cinco anos que Brasil e Pelotas não disputam o clássico

CONTRAS:

1 – Derrotas podem acarretar em futuros prejuízos

Ninguém gosta de perder clássicos, e sempre se fala que na “gangorra do futebol”, um time tem a obrigação de estar por cima, e o rival, por baixo. Há o medo por parte das duas direções de que uma eventual derrota prejudique a confiança no trabalho que está sendo feito até o dado momento. No Pelotas, a derrota em 2004 acabou encerrando o trabalho feito pela direção da época até ali, e o clube acabou sendo rebaixado no final daquela temporada.

2 – Violência

Todos se lembram da morte de Gilberto Bonow em 1º de Outubro de 2003, ocorrida após uma briga entre o comerciante e a torcida do Brasil. A realização de um clássico Bra-Pel iria necessitar de um esquema especial de segurança para separar as duas torcidas.

3 – Pelotas: medo de 2004

O Pelotas jogou o clássico em 2004. O torneio citadino, conhecido como “torneio da paz”, foi o pesadelo da direção áureo-cerúlea na época. Com a derrota para o Brasil, que na oportunidade se preparava para a segunda divisão, o clube trocou o seu comandante, Eduardo Pereira, dispensou jogadores e acabou aquele ano rebaixado. Este ano, em crise com a torcida e com uma péssima campanha no Gauchão, uma derrota no clássico poderia abalar ainda mais a relação entre a torcida áureo-cerúlea e o time.

4 – Brasil: jogo somente na Boca do Lobo

O Brasil realizaria o clássico somente na Boca do Lobo. Com isto, haveria a reclamação da torcida xavante, que anseia por mais um clássico em seu estádio, o Bento Freitas. Por estar disputando uma segunda divisão e no meio da pré-temporada, o Brasil ainda teria de enfrentar o tradicional rival na condição de azarão, já que o Pelotas, com um maior investimento, seria o favorito para o confronto.

5 – Diferença de realidades

O Pelotas disputa a elite do futebol gaúcho, que hoje conta com uma ajuda generosa da cota televisiva, possibilitando com que as equipes realizem maiores investimentos. O Brasil, ao contrário, disputa a Segundona, uma competição na qual cada clube acaba contando somente com os próprios recursos, e por isso há uma diferença grande de recurso entre os dois clubes da cidade. Isto pode servir como justificativa para um possível derrotado, ou como demérito para um possível vencedor.

Bra-Pel, por enquanto, só nas páginas dos livros

Obs: Este texto começou a ser escrito às 16:30, antes do Pelotas anunciar oficialmente a desistência na realização do clássico

5 comentários em “Cinco motivos para realizar ou não o clássico Bra-Pel”

  1. Já foi mais do que provada que a morte do Bonow nada teve a ver com o clássico BRA-PEL. Em todo caso, a violência existe.

    1. É verdade, Filipe, comentário pertinente. Usei o exemplo pois foi um caso emblemático na cidade, que posteriormente virou manchete nacional. De qualquer maneira, como bem falaste, a violência existe.

  2. o Pelotas ta pipocando como sempre, mas é um direito deles em recusar!

  3. Para esclarecer Filipe:
    Consta nos autos que alguns dos indiciados pela morte do Empresário Gilberto Bonow foram identificados e reconhecidos pelas testemunhas e vestiam camiseta do Brasil de Pelotas, sim!
    Em nome da “verdade” e da memória do Sr. Bonow não posso deixar de esclarecer isso.
    Se queremos construir um País decente e digno, temos que aceitar a verdade dos fatos.
    Se fosse o contrário (alguém agredido e morto por pessoas identificadas como torcedores do Pelotas) faria a mesma coisa.
    Vamos ter coerência acima de tudo!
    Juca.

  4. Juca,
    Realmente consta nos autos que os agressores usavam camisas do Brasil. Porém, isso não é prova irrefutável de que o assassinato (não se pode negar que houve assassinato) ocorreu por conta do clássico ou realmente devido à rivalidade.
    Aliás, não sei se há algum segredo de justiça para ter acesso ao processo, mas eu tenho curiosidade em ler os autos…

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