OPINIÃO – Bra-Pel: a Guerra Fria pelotense

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A Guerra Fria foi um período histórico compreendido entre os anos de 1945 e 1991, no qual os Estados Unidos e a extinta União Soviética travaram intensa disputa para ver quem conquistaria a hegemonia mundial. O movimento foi assim denominado em função de uma razão peculiar: mesmo depois de tantos anos, não houve o enfrentamento bélico direto entre as duas superpotências. Tiradas as gigantescas proporções, venho a apelidar a história recente do clássico Bra-Pel de “a Guerra Fria Pelotense” por um motivo: aqui também não há o enfrentamento entre as duas forças dentro das quatro linhas, com toda a rivalidade existente entre as duas nações sendo discutidas fora do campo de jogo.

Na Guerra Fria, o enfrentamento de linhas ideológicas distintas fazia com que americanos e soviéticos lutassem para provar uns aos outros qual era o melhor pensamento de vida. O mesmo ocorre com xavantes, que se julgam “a mais fiel, a massa, a maior”, e áureo-cerúleos, que se denominam “a torcida que mais cresce”. Tal como capitalistas e socialistas, as torcidas da cidade entram em um embate teórico para provar quem é melhor, o que envolve a corneta ao adversário, as histórias tiradas do fundo do baú, a torcida pelo insucesso alheio e muita disputa… nos bastidores.

Carlos Alberto: agente duplo na batalha pelotense

Se na Guerra Fria o plano Marshall e a operação Washtub eram as estratégias utilizadas para ganhar terreno sem o enfrentamento direto com o adversário, na dupla Bra-Pel não é fato raro a disputa por jogadores e patrocinadores cobiçados pelo rival, embora Pelotas e Brasil não dividam espaço na mesma competição gaúcha desde 1998.

Torcida tricolor: nem ela fica fora da rivalidade

A Guerra Fria contava com a participação dos aliados do lado capitalista (EUA, Coréia do Sul, América do Sul e Europa Ocidental) e dos Socialistas (União Soviética, China, Cuba, Europa Oriental e Coréia do Norte). Os países que não apoiassem nenhum dos lados formavam um grupo bem menor, dos países não-alinhados, nos quais estavam inseridos Egito e África do Sul. Em Pelotas, quem não apóia a nação áureo-cerúlea ou a rubro-negra são os tricolores do Fragata. Mas até eles, uma minoria, se metem na disputa em alguns momentos.

A OTAN e o pacto de Varsóvia tinham por objetivo garantir o armamento das duas potências mundiais para o caso de um enfrentamento bélico direto entre elas. Nenhuma bala foi desperdiçada. Da mesma forma, Pelotas e Brasil brigam para se armar com os mais qualificados jogadores no restrito universo do futebol gaúcho, mesmo que nenhum deles venha a se enfrentar em campo. Sotilli, um dos maiores ídolos da história do Pelotas, é um exemplo: nunca jogou e talvez nunca venha a jogar o clássico Bra-Pel.

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Sotilli e Tiago Duarte: eles nunca jogaram um Bra-Pel

Tal qual na batalha travada por americanos e soviéticos, Pelotas e Brasil não firmaram nenhum acordo para que ambos não venham a se enfrentar. Muito pelo contrário: os rubro-negros queriam até propor um embate no terreno adversário. Daí a grande diferença para a guerra,  já que no futebol, quando um não quer, dois não se enfrentam, enquanto na disputa bélica o país atingido tem a obrigação de revidar para defender-se do rival.

A Guerra Fria acabou no dia 31 de Dezembro de 1991, com a renúncia do então presidente soviético, Mikail Gorbachev, a separação do país e a disseminação da cultura socialista. Para isto foram necessários mais de 45 anos de forte confronto político. Diferente da guerra, onde alguém tem de perder para que o outro tenha a hegemonia, vejo na dupla Bra-Pel a necessidade da presença do adversário. Sem a rivalidade com o Brasil, o Pelotas não teria a grandeza que tem, e vice-versa.

A cultura Bra-Pel de secar o adversário e torcer contra é respeitável e até sadia quando tratamos de torcedores rivais, mas isto não pode se estender aos dirigentes… não sempre, pelo menos. Na Guerra Fria, depois de 45 anos, os soviéticos foram dizimados. A dupla Bra-Pel já não se enfrenta há quase cinco. Tomara que daqui a 40 anos nenhum dos nossos clubes tenha o mesmo destino da antiga União Soviética.

Não julgo aqui a decisão da diretoria áureo-cerúlea, que tem os seus motivos para ter recusado este amistoso proposto hoje, e eu entendo isso. Mas já está na hora do Bra-Pel voltar ao nosso cotidiano de alguma maneira. O clássico que consagrou Lambarí, Gilson Cabeção, Juarez e tantos outros tem a obrigação de fazer o mesmo com Sandro Sotilli, Tiago Duarte, Marcelo Moscatelli e tantos outros ídolos recentes da dupla. Jogadores que estão fazendo história na cidade de Pelotas, mas que podem encerrar as suas trajetórias futebolísticas sem ter o prazer de saber o que é disputar um clássico Bra-Pel…

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Moscatelli e Sotilli: eles nunca se enfrentarão nos gramados ?

Obs: Não estou expressando nenhuma preferência clubística com o texto. Apenas desejo ver o Bra-Pel de volta, já que ouço muitas histórias contadas pelo meu pai e, assim como muitos da minha idade, nunca tive a oportunidade de ver uma partida entre os dois times mais tradicionais da minha cidade natal.    

9 comentários em “OPINIÃO – Bra-Pel: a Guerra Fria pelotense”

  1. braPEL quero ver valendo, pq não disputaram a Copa FGF ano passado?

  2. Igor , ao contrário o Brasil iria disputar a copa FGF e o Pelotas não , quando o Brasil acabou desistindo pelo enfrentamento de datas com a Série C do Brasileiro , aí que o Pelotas entrou , desde os 4 a 1 que levou em 2006 o Pelotas evita estar onde o Brasil tá , seria isso mais medo ou respeito ? acho que é medo

  3. E tu pensa que engana quem com essa histórinha Gregory? hahahaha
    Como gostam de viver de mentiras… o Brasil não jogou a copa FGF ano passado com medo de perder um braPel, e acabar refletindo na série C. Inclusive, tem que ser muito burro pra não saber que a copa fgf sempre vai bater com as datas do camp. brasileiro. Essa mentira não cola com ngm! Agora, depois de todo esse fiasco protagonizado pela direção do brasil, que apenas revelou que o clube está desesperado atrás de dinheiro, quero ver se não vão jogar a copa fgf novamente… Todos queremos braPel, mas tem que ser em jogo valendo! Segundo semestre ta aí… só depende de voces………

  4. olha, eu ate acredito que a direçao do xavante seja amadora, mas nao ao ponto de nao sabe que a copa federaçao bateria com a serie c ano passado. Que mentirinha é essa meu amigo hehehehehehehehe ficaram com medo sim!!!!!!!! e esse ano tiveram que bater na porta do LOBO mas nao receberam a esmola q queriam!!!!!!!!!!!!!!!!!! hehehehehehehe

  5. O PELOTAS JÁ PERDEU BRA-PEL COM O BRASIL JOGANDO COM 09 EM CAMPO, TEM MEDO DE LEVAR MAIS UMA SURRA.

  6. Pablo Lobão, QUEM ESTÁ COM MEDO SÃO VOCÊS !!, VOCÊS TEM INVEJA DA AGENTE, POIS AGENTE TEM A MAIOR TORCIDA E MAIS FIEL,(SE A CIDADE DE PELOTAS FOR SUB-SED DA COPA DE 2014), O ESTÁDIO BENTO FREITAS PODE SERVIR PARA AS SELEÇÕES TREINAR.. BOM EU QUERIA O CLÁSSICO, POIS FOI BOM AQUELE DE 2006, 4 X 1 =),,, BOM EU MESMO SENDO XAVANTE, EU TORÇO MUITO PRO EC PELOTAS FICAR NA A, E O XAVANTE E O FARRAPO SUBIREM, POIS EU NUNCA VI OS 3 TIMES DE PELOTAS NA A, NO MESMO ANO, É FALANDO NO BRASILEIRÃO, EM 2013, O XAVANTE VAI ESTAR NA PRIMEIRA DIVISÃO NACIONAL, VAI ESTAR A ONDE É SEU LUGAR !!, JÁ O LOBÃO VAI ESTÁ NA B, E O FARRAPO NA C !!! =), O FUTEBOL DE PELOTAS TEM QUE EVOLUIR, CRESCER MAIS !! =)…

    QUANDO É BRA-PEL, DIVIDE A CIDADE !!, MAIS FAZER OQUE NÉ?, VOCÊS ESTÃO COMEDO…

    SAUDAÇÕES, NAÇÃO XAVANTE…
    ABRAÇOS AE…

    PAZ !!

  7. Ah pára Mateus, tu não é tão novinho assim!
    Não foste à nenhum Bra-Pel porquê não quiseste!
    Deixa de ser inocente, Cara. Não embarca na canoa furada desse Presidente Xavante que de antemão já sabia que o Pelotas era contrário ao Bra-Pel por “laranjas”!
    A proposta era tão absurda e cínica que o André Araújo propôs um único jogo e ainda mais na Boca do Lobo!
    Absurdo completo! Palhaçada!
    Porque o André Araújo não procurou o Farroupilha para montar um torneio Bra-Far e Far-Pel também, hein?
    Porquê o alvo era o Pelotas!
    Mais uma provocação besta para exaltar os ânimos entre as torcidas rivais e mais nada!
    Aliás este Senhor André Araújo pensa exatamente como os ex-dirigentes retrógrados da Baixada!
    É farinha do mesmo saco!
    Juca.

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