Opinião: Aonde vai o Pelotas?

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No meio das incertezas políticas do início do segundo semestre, o Pelotas acertou a renovação de Paulo Porto. O treinador, na coletiva que anunciou a permanência no clube, falou sobre o projeto, visando uma campanha vitoriosa na Série A-2 de 2016. Portanto, o segundo semestre de 2015 seria um laboratório para o Gauchão do ano que vem.

Nos bastidores ficou definida a continuidade de Lúcio Barreto na presidência até o fim deste ano, contrariando o estatuto do clube, até que o Conselho Deliberativo marcasse reuniões que definiriam as chapas concorrentes para uma eleição. Lúcio teria o auxílio de três figuras icônicas no clube: Luiz Antônio de Melo Aleixo, Flávio Gastaud e Carlos Tavares. Hoje, terminado o semestre, ninguém sabe oficialmente quem comanda o clube. O presidente Lúcio Barreto sequer compareceu em coletivas ao longo do semestre, bem como nenhum dos três “auxiliares”. Quem projeta e responde pelo Pelotas?

No futebol, falava-se na permanência de Paulo Porto, nunca contestada até então, e de grande parte do elenco, que conseguiu chegar nas fases finais das duas competições que disputou. Para a presidência, oficialmente não era dito nenhum nome, mas a expectativa era anunciar Luiz Aleixo. Passada a reunião do Conselho, Aleixo afirmou que não assumiria o clube, pois não via condições financeiras de fazer um bom trabalho. Para piorar, o nome de Paulo Porto começou a se distanciar do comando técnico. Uma proposta do Lajeadense foi especulada e o treinador declarou que estava livre de qualquer compromisso com o Pelotas: a palavra tinha sido dada ao Aleixo, que negou o cargo de presidente. Sem o andamento da negociação com o Lajeadense, Porto está livre no mercado.

Sem presidente e sem treinador, surge uma solução mágica pro Lobão: trazer o aspirante a técnico Wellington Monteiro, volante campeão mundial pelo Inter em 2006, para o comando da equipe. Junto com ele, fala-se na vinda de um investidor. Investidor, este, que faltou para Aleixo concordar em assumir a presidência do clube. Outra maneira de arrecadar fundos é o aluguel da Boca do Lobo pro Brasil no Gauchão. Estratégia sempre defendida por Flávio Gastaud, que parece distante do clube no momento, mas que comandou o projeto do primeiro semestre na divisão de acesso.

Assim, com duas possibilidades de verbas, fica a questão: Aleixo volta atrás na decisão e assume o cargo, sem o compromisso com o Paulo Porto e com o investidor de Wellington Monteiro? Ou o nome mais forte é o de Flávio Gastaud, indicando o acerto do empréstimo do estádio ao rival?

O que parece certo é a falta de rumo do Pelotas enquanto clube. Nenhum projeto se mantém. Paulo Porto vinha bem no comando, mas nem se fala mais na permanência dele. Da renovação dos jogadores que ficaram sem contrato, ninguém mais especula. O projeto a longo prazo com um treinador vitorioso e de conhecimento, trilhando aos poucos um caminho de glórias, parece não ser a estratégia escolhida. O discurso de continuidade do começo do semestre mais uma vez vai para o ralo. O Pelotas prefere, mais uma vez, começar tudo do zero. Parece que espera a sorte de ganhar na Mega-Sena pra dar tudo certo.