Por Vinícius Pereira Colares
O basquete brasileiro vive um dos momentos mais sombrios de sua história. A crise administrativa da Confederação Brasileira de Basquete (CBB) deve trazer reflexos negativos em médio e longo prazo para todas as instituições envolvidas com o esporte. Em um recorte mais curto de tempo os resultados já são desastrosos – vide a inexistência temporária de atividades em seleções nacionais (de categorias de base e adultas), por exemplo.
Para um esporte que está respirando por aparelhos nos últimos anos, o reflexo de uma má administração por parte das entidades competentes atinge todos os níveis de uma grande escala. Nesse caso, se o basquete de alto rendimento está sendo afetado, imaginem o que acontece com as equipes amadoras.
O Pelotas Maragatos Basquetebol, em seu quarto ano de existência, é um dos poucos nesse cenário que segue nadando contra a maré. A equipe une forças e busca espaço para dar continuidade a um trabalho que recebeu notoriedade no cenário estadual nos últimos anos.
Afetados pela crise
Em 2014, o “Projeto Basquete Pelotas” – nome dado ao projeto inicial do Maragatos –encontrou alguns apoiadores que pretendiam ajudar na missão de reerguer o nome do basquete pelotense.
Representantes da equipe decidiram em assembleia estabelecer um grupo estável, dando seguimento à proposta de criação de um time competitivo. O objetivo era claro: com a ajuda de todos os apoiadores, representariam a cidade de Pelotas em eventos de nível regional e estadual ligados ao basquetebol.
Três anos depois dessas primeiras reuniões surge o inevitável: o Pelotas Maragatos acaba sendo afetado pela crise no esporte da bola laranja. Alguns dos principais apoiadores, por motivações variadas, deixaram de acompanhar a equipe em 2016.
As dificuldades relacionadas a questões estruturais e de logística, ainda assim, não afetaram as propostas iniciais do time. Os resultados positivos continuaram aparecendo nos últimos anos e a hegemonia da equipe na região Sul do estado é incontestável.
A busca por um espaço
O Pelotas Maragatos Basquete está procurando um ambiente para treinamentos técnicos e táticos. A antiga parceria com um colégio da cidade foi encerrada e a equipe vive hoje de alugueis de quadras em horários esparsos. Isso afeta o rendimento do time que encontra dificuldades em manter um padrão fixo. Os horários variam já que a equipe é formada por uma maioria de estudantes e/ou atletas que trabalham em diferentes turnos.
Paulo Correia, o Paulinho, é técnico do Pelotas Maragatos e sabe que o principal objetivo do grupo esse ano deve ser estabilizar o calendário.
“Neste ano, nosso projeto deve reativar as atividades esportivas, terminando com um hiato que infelizmente fomos obrigados a entrar. Isso aconteceu por uma falta de apoio e, principalmente, falta de espaço adequado para realização dos nossos treinamentos e escolinhas”.
A intenção do Maragatos neste ano é, de acordo com Paulinho, movimentar o projeto inicialmente com as equipes de nível adulto (tanto masculina quanto feminina).
Existe uma demanda grande de praticantes que vêm de dentro e de fora da cidade e o Pelotas Maragatos busca atender esses públicos. Assim, com o apoio necessário, é possível alcançar um sonho maior: atender as categorias de formação de atletas.
“Em pouco menos de dois anos buscamos conquistas expressivas e inéditas para a cidade dentro de quadra. Fora dela o crescimento também foi grande, crescemos em experiência de gestão fora de quadra e isso nos dá um know-how interessante para garantir o trabalho e parceria com outras instituições. Esperamos que novas parcerias aconteçam em breve”, disse o técnico.
O local sagrado: a quadra
Para alçar grandes voos ainda falta um detalhe principal: uma quadra. Todas as aspirações da equipe dependem muito de um espaço adequado para treinamentos, segundo Paulinho. ” Uma parceria com alguma das escolas particulares da cidade seria o ideal. Temos a certeza de que podemos trazer contribuições valiosas para qualquer instituição que se disponibilizar para esse acordo. Mas precisamos de uma quadra”.
Já aconteceram algumas propostas para que a equipe buscasse uma mudança radical e trocasse de cidade. Mas essa não é a intenção. “Aqui é a nossa casa, o lugar que nos identificamos. Queremos ver o esporte que amamos crescendo aqui”, afirmou o técnico.
Preparação para 2017: a pré-temporada
Além de correr fora das quadras em busca de apoiadores, o Pelotas Maragatos Basquetebol já está correndo dentro da academia também. Nesta última semana o grupo retomou as atividades para 2017. Em uma parceria inédita, o Maragatos contará com os serviços da equipe We Move – Preparação Física.
Para garantir um trabalho de longo prazo nessa temporada, os atletas vão trabalhar ao lado dos professores Gabriel Solé e Vinicius Hoffmann. A parceria vai garantir uma preparação física específica para o basquete, assim como aconselhamento nutricional.
O Pelotas Maragatos Basquete é o atual tricampeão dos Jogos Abertos de Pelotas, principal torneio por equipes da cidade. É também tetracampeão da Copa Lemos Junior, principal evento de basquete da cidade de Rio Grande. A equipe também foi medalha de bronze na Copa RS e nos Jogos Intermunicipais do Rio Grande do Sul em 2015.