Caxias nas semifinais do Gaúcho e Juventude com tempo para reestruturar

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E o Caxias passou às semifinais do Gauchão 2017! Venceu com propriedade os dois Ca-Ju das quartas. Tem sim, no momento, um time melhor que o do Juventude, comprovado pela campanha e pela formação da equipe que, ao longo de todo o campeonato, conseguiu ser praticamente a mesma.

Havia no início do ano o questionamento, se aqueles valores trazidos por Luiz Carlos Winck, muitos deles que foram seus atletas no Lajeadense de grande campanha em 2014, dariam certo aqui. E funcionou. Funcionou muito, tendo ainda a possibilidade de ir além, mesmo enfrentando um forte Internacional.

Marcelo Pitol, Gian, Marlon, Nicolas e Jajá foram os principais remanescentes da Divisão de Acesso e corresponderam de forma exemplar. Especialmente o goleiro que, ao meu ver, é o melhor em atividade no Interior gaúcho, dono de personalidade absurdamente altiva e construtiva quando quer. Já o Gian não sorri nem quando comemora gol, de uma seriedade e vitalidade impressionantes. Marlon e Nicolas se completam quando estão em campo, com qualidade e velocidade. Jajá sempre que entrou correspondeu às expectativas, marcou gols e deixou as defesas adversárias sempre preocupadas.

Dos que vieram, Elyeser, Reis, Edson Borges, Gilmar e Wagner são os destaques. Este último, muito pelo que fala e escreve, levando os torcedores grenás à loucura mais intensa da corneta. Tenho meu pensamento, espirituoso muitas vezes, exagerado e até deselegante em outras. Mas não vou julgar definitivamente, embora prefira que ele se destaque pelas assistências, gols e a qualidade de bola que sei que ele tem. Entretanto, não nego que foi, talvez, o fator que desequilibrou os clássicos com o Ju, tirando o foco de alguns jogadores das partidas para si. E isso foi destrutivo para o Juventude.

Os outros citados têm espírito parecido com os remanescentes de 2016, com individualidades e produtividade. Enfim, agora vai para o enfrentamento com o Inter, que encontrou bom futebol nas últimas partidas e não só pela camisa mas também pela qualidade volta a se qualificar para ser campeão pela sétima vez seguida. Contudo, sou mais Caxias, pelo conjunto apresentado até agora no Gauchão. Vamos ver, começa neste sábado.

Sobre o Juventude, creio não ter mais espaço para experiências. Agora, é Campeonato Brasileiro, onde a seriedade aumenta e o nível de erro é menor que no Gauchão, especialmente pela verba televisiva recebida e a visibilidade ganha justamente com o televisionamento e publicidade em cima do clube. É uma competição longa, 38 rodadas, onde até há tempo de recuperação. Mas o ideal é já largar com tranquilidade, garantir-se na B nacional para 2018, para tentar quem sabe algo maior ainda durante a competição.

Terá tempo, um mês até a estreia contra o Luverdense no Jaconi. E virá o dinheiro da Rede Globo, algo em torno dos quatro milhões de reais. Por ter sido um dos que subiram, junto com Guarani, Boa Esporte e ABC, acaba por receber a menor verba. Bem longe dos 70 milhões do Internacional e dos 35 do Goiás, que têm outros acertos, ainda decorrentes de série A nos últimos anos. Todavia, tem que saber usar bem essa fatia pequena do bolo, mas ainda muito maior do que se teve nas ultimas temporadas do clube.

Primeiro, as dispensas. Não pode continuar com determinadas figuras que nada contribuíram com o time no Gauchão e Copa do Brasil. Não sou dirigente, muitos menos quero parecer aqui pretensioso para tal. Sei que eles olham o futebol parecido conosco e torcida, mas pela função que lá desempenham têm de agir com mais cabeça fria e racionalidade do que até mesmo a imprensa, quanto mais os aficionados Papos.

Alguns jogadores terminam contrato agora com o fim do Gauchão, outros vão até dezembro. Creio que os pontos mais necessitados de qualidade são as funções de goleiro e atacantes, que foram justamente as razões do sucesso alviverde em 2016. No gol, Douglas mostrou ser insuficiente e a comparação com Elias é inevitável. Raul foi colocado na fogueira no último CaJu e acabou levando um gol estranho. Mas pode continuar, acredito que possa ser dada chance a ele noutras oportunidades.

Ouvi que Muriel está por vir. Está encostado no Inter hoje, depois de ter participado do acesso do Bahia à serie A. É um goleiro experiente, não mais que isso. Se vier mesmo, que dê certo, torcerei para tal. No ataque, para resumir, dos seis que estão hoje ficaria apenas com Taiberson e Caprini, como opção no banco. Ali sim se precisa algo urgente, no mínimo três jogadores de grande qualidade para uma série B. Sem isso complica pois, no Gauchão, o Juventude fez mais gols apenas que o Passo Fundo… Tempo terá ajustar tudo. Tomara que seja bem aproveitado.