“Minha primeira experiência longe de casa”

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Lucas e sua família: apoio ao garoto é diário

Lucas, 15 anos, nasceu em São Lourenço. Fanático por futebol, entrou no Fome de Bola, equipe de futsal da cidade natal. Pelo time, disputou campeonatos na região. Num deles, em Bagé, foi observado por Chapolin, técnico da base do Grêmio Atlético Farroupilha. Era o primeiro sinal: São Lourenço começava a ficar pequena para o potencial do garoto.

Ainda que em um clube modesto, a família Porepp aceitou o convite irrecusável. Pelo Fantasma, poderia participar de competições maiores e, assim, evoluir mais. E funciona dessa maneira desde os seus 10 anos. Há cinco vive de idas e vindas entre Pelotas e a cidade Lourenciana. É tanto tempo que Chapolin transformou-se em um pai para Lucas. Semanalmente, são de dois a três treinos para a garotada do time infantil, uma rotina trabalhosa. Lucas, ao contrário da maioria, não mora na Princesa do Sul. Para ele, dia de treino é dia de viagem.

Funciona assim: Lucas acorda cedo e vai para a aula, às 7h30. Chega em casa, quase ao meio dia, onde almoça e se arruma, pois às 13h tem ônibus para Pelotas. Por volta das 14h10 desembarca na cidade. Treina às 15h, por volta de uma hora e meia. Às 18h, retorna para sua cidade natal, chega em casa e alimenta-se. Faz academia, às vezes ainda joga, volta para casa e dorme, afinal, às 6h, começa tudo novamente.

Será que tanto sacrifício vale a pena? Será que com isso é possível Lucas alcançar o objetivo de tornar-se um atleta profissional? “Dá, dá… Se treinar, se esforçar, dá”, diz o menino. A média de três treinos por semana faz com que ele aumente a intensidade de trabalhos na própria casa. Então, é o pai Eduardo Porepp quem assume o cargo de treinador do Lucas F.C.

No entanto, o Nicolau Fico e a própria casa agora começam a ficar pequenos. Ao disputar a Copa Adidas, em Teutônia, o atleta foi selecionado numa lista de 26 jogadores, depois reduzida para 18. A missão dos meninos, todos com a mesma faixa de idade, é representar a equipe brasileira em uma competição na França, com vários times de todo o mundo. O campeonato vai de 8 a 15 de junho.

Ansioso, o zagueiro tricolor comemora a oportunidade. “Vai ser muito bom pra mim, é minha primeira experiência longe de casa”, diz. Sempre titular e capitão pelo Fantasma, Lucas chega à França inspirado em outro zagueiro respeitado. “Me inspiro no estilo do Lúcio”, conta o menino, com porte físico que realmente lembra o do jogador, guardadas, claro, as proporções.

Cada vez mais longe de casa, Lucas diz que o crescimento no futebol não incomoda os pais. Segundo ele, a família já conversa sobre uma possível saída do garoto para clubes mais distantes de São Lourenço. A meta: Grêmio ou Barcelona. Se é sonhar demais, o próprio menino responde… “Dá, dá… Se treinar, se esforçar, dá”.